sexta-feira, 25 de abril de 2014

Voluntários estrangeiros preparam almoços para haitianos em SP

Voluntários estrangeiros se mobilizam para preparar almoços para os haitianos reunidos na Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Centro de São Paulo. Nas últimas duas semanas, a igreja recebeu levas de imigrantes do Haiti vindos do Acre, depois que a enchente do Rio Madeira tornou difícil a permanência deles no estado. Na quinta-feira (24), chilenas fizeram a refeição. Nesta sexta (25), o almoço será preparado por bolivianos.
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Os padres explicam que, inicialmente, ocombinado com o Acre seria de estabelecer um ponto de apoio no Terminal da Barra Funda, na Zona Oeste, para que os imigrantes seguissem para cidades da região Sul do país pudessem ter algum ponto de referência com tradutor.
Porém, sem dinheiro, pelos menos 500 deles chegaram a pedir abrigo na paróquia -tradicional ponto de acolhida da comunidade latinoamericana no Centro de São Paulo, na Rua do Glicério. No período, chegaram até três ônibus em um único dia. Na quarta, outros 26 imigrantes foram até lá e cinco partiram para o Sul, segundo o Padre Paolo Parise. Cerca de 90 dormiram de forma improvisada no salão do templo.
Muitos contam apenas com o auxílio da igreja para se alimentar, como é o caso de Dieufils Santime, de 34 anos. Pai de dois meninos, ele chegou a São Paulo há cerca de um mês. Como não tem amigos na capital, ele já passou necessidade na metrópole. “Quando o padre não dá comida eu fico com fome. Cheguei a ficar três dias sem comer.” Santime aguarda ansiosamente a emissão de sua carteira de trabalho, que deve acontecer nesta sexta. “Depois que eu tiver o
Na quarta, um grupo de italianos da região do Veneto doou marmitex para alimentar os recém-chegados. Um dia depois, voluntários chilenos tomaram conta da cozinha para preparar batata, arroz, feijão e picadinho de carne para cerca de 150 pessoas. Na quinta-feira, a Prefeitura decidiu que passará a fornecer a janta para o grupo de imigrantes.
A chilena Luz Cristi, há 29 anos no Brasil, mobilizou as compatriotas. “Ela me ligou às 23h. Não tinha como não vir. Eu tinha que fazer alguma coisa”, disse a também chilena Gioconda Elgueta. As duas vieram com os maridos. Gioconda, que foi enfermeira por 27 anos, nota diferenças muito grandes entre a sua comunidade e a dos haitianos. “É um grupo jovem e essencialmente masculino. Eles nunca vêm com a família. Precisam fazer dinheiro para buscar a mulher os filhos. Outra dificuldade é a língua, porque muitos falam francês ou um dialeto, o que dificulta a comunicação.” A Secretaria Municipal de Direitos Humanos informou que a Prefeitura passará a oferecer a janta. O município também providenciou colchões para os que estão dormindo no salão da igreja.

Trabalho
Os imigrantes passam o dia esperando alguma oferta de emprego. Embora os padres aguardassem algumas propostas de vagas nesta quinta, o movimento foi fraco durante a manhã. Desde 15 de abril em São Paulo, Patrick Simain usava uma toalha para amenizar o frio. “Lá [no Acre] não faz frio. Tudo o que tenho é essa camisa de manga comprida”, disse. No dia que a igreja não oferece comida ele recorre a um amigo. Assim como outros conterrâneos, Simain aguarda a emissão de sua carteira de trabalho. “Eu aceito qualquer trabalho.”
O eletricista Junias Ratilus, de 24 anos, quase desistiu de recomeçar a vida no país ao se deparar com as consequências das chuvas no Acre. “Uma parte da minha família disse que era para eu insistir, por isso vim para São Paulo. Aqui, se a igreja não der, quem não tem dinheiro não come. Já vi gente enfrentar calamidade”, afirmou. “Minha família nem sabe que estou nessa situação. Não tenho nem condições de ligar para eles.”
O Padre Paolo, da Missão Paz, diz que a igreja precisa de doações de carne, cobertores e produtos de limpeza para continuar acolhendo os imigrantes haitianos.

Irresponsável
A secretária de Direitos Humanos do estado de São Paulo,  Eloisa de Sousa Arruda, que se reuniu com representantes da missão na tarde de quinta-feira, afirmou que o governo do Acre agiu de forma "irresponsável e inconsequente" ao enviar os imigrantes sem advertir o governo paulista.

O governador do Acre, Tião Vianna (PT), comentou as críticas em uma rede social. “Como é que a elite paulistana quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização? As elites preconceituosas querem o quê? Que prendamos essas pessoas? Que não as deixemos encontrar pais, mães e esposas que já estão no Brasil?”, Colchões e janta
A Prefeitura de São Paulo informou que foram identificados 64 haitianos sem carteira de trabalho. A pasta afirmou que irá disponibilizar, nesta sexta, dois ônibus para levá-los para a superintendência do Ministério do Trabalho para providenciar os documentos. Além da janta, a administração municipal irá fornecer colchões.
A Prefeitura estuda a criação de um espaço em um clube desativado na Barra Funda para acolher o grupo emergencialmente. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos do município, em torno de 100 pessoas foram acolhidas nas estruturas de assistência da capital. Os doentes foram encaminhados para um posto de saúde da região.

Na quinta-feira, um grupo de empresários de diferentes setores visitou o abrigo improvisado e contratou pelo menos 32 pessoas para trabalhar em uma granja, em condomínios, na construção civil e em uma confecção.


G1

Um comentário:

  1. Assalamu alaykum, (que a paz de Deus esteja com todos). Se precisarem de ajuda para atendimento e emissão de documentos, coloco-me à disposição como voluntária. Luciana Cury Calia - advogada e seguidora do islam.

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