Propostas para políticas públicas
foram discutidas nas conferências livres e municipais em cinco regiões
brasileiras e no exterior
A fase preparatória para a 1ª
Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio (Comigrar) registrou mais de 200
etapas, realizadas nas cinco regiões brasileiras e no exterior. O objetivo foi
levantar sugestões para serem apresentadas durante a etapa nacional - prevista
para os dias 30, 31 de maio e 1º de junho -, quando serão aprofundadas as
propostas que subsidiarão políticas públicas para a área.
"Agradecemos, profundamente, a
todos os atores que contribuíram para o processo da Comigrar nesta fase
preparatória. Isto nos permitiu algo inédito: ouvir as vozes, até então
caladas, de migrantes e refugiados no país. O momento agora será de
sistematizar as propostas levantadas para apresentá-las na etapa
nacional", destaca o secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão.
Os encontros
ocorreram por meio de conferências livres – organizadas por entidades da
sociedade civil e universidades – e de conferências municipais e estaduais -
convocadas pelos governos locais. O processo também registrou uma conferência
livre organizada por brasileiros no exterior, ocorrida em Londres (Inglaterra),
intitulada "Do Reino Unido de volta ao Brasil: mesmos direitos?".
Os debates
abordaram temáticas variadas e desnudaram realidades bem específicas, como as
questões enfrentadas pela população carcerária estrangeira, por mulheres
migrantes, refugiadas e egressas do sistema prisional, estudantes estrangeiros
e comunidades já fixadas no país, além dos cenários de crianças e adolescentes
que chegam ao país desacompanhadas e da migração LGBT.
Os novos fluxos
migratórios também foram amplamente debatidos. Acre, Espírito Santo, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo são exemplos de
estados onde ocorreram conferências específicas sobre a migração haitiana. Na
etapa preparatória, participaram das discussões ainda órgãos como a Defensoria
Pública da União (DPU) e a Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro (OAB-RJ), além
de instituições religiosas, étnico-culturais e abrigos.
Marco do direito humano à migração
Segundo Paulo
Abrão, a Comigrar é um novo marco para a afirmação do direito humano à migração
no Brasil. "A partir desse diálogo social, poderemos construir políticas
públicas que tragam mudanças legítimas para o setor, estruturadas com base no
respeito aos direitos humanos", destaca ele.
Migrante de Bangladesh
Abu Sufian (foto)
tem 22 anos, é natural de Bangladesh e participou da conferência livre
realizada em Caxias do Sul (RS), que contou com cerca de 250 migrantes, entre
senegaleses e bengaleses. Ele conta que veio para o Brasil devido à falta de
emprego em sua cidade, aos baixos salários oferecidos e à violência.
"Só viemos
para cá buscar uma vida e não queremos arrumar confusão com ninguém",
afirma Abu. O jovem tem dois empregos e espera que a Comigrar dê visibilidade
às propostas que desburocratizem a emissão de documentos para que um dia
consiga trazer sua família.
Acre
Já o boliviano
Roger Zabala mora no Brasil há seis anos e contribuiu com o processo da
Comigrar organizando os debates na fronteira do Acre, nas cidades de Brasiléia
e Epitaciolândia. Ele presta assistência aos compatriotas recém-chegados e
ministra aulas de Línguas em escolas públicas e para grupos de migrantes.
"O Brasil é um País maravilhoso, que nos recebeu muito bem. Aqui seguimos
unidos e trabalhando", destaca ele.
São Paulo
"Cada pessoa
migrante que chega até nós apresenta uma história, uma necessidade diferente.
Lidamos com situações que vão desde a regularização migratória até casos de
tráficos de pessoas e trabalho escravo", explica Sônia Nunes, assessora da
Pastoral dos Migrantes em São Paulo.
A entidade promoveu
conferências livres para sete comunidades de migrantes: bolivianos, peruanos,
paraguaios, colombianos, haitianos, chilenos e africanos. "Os encontros
foram uma excelente oportunidade para que essas pessoas se manifestassem",
declara ela.
Comigrar
A 1º Conferência
Nacional sobre Migração e Refúgio (Comigrar) está sendo organizada pela
Secretaria Nacional de Justiça (SNJ) do Ministério da Justiça como um processo
de debate público que objetiva elaborar subsídios para a composição de um plano
e de uma política nacional voltada para o setor.
É coordenada pelo
Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Justiça, em parceria
com o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério das Relações Exteriores.
O processo também tem o apoio da Organização Internacional para as Migrações
(OIM) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Outras informações:
Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio (Comigrar)
(61) 2025-9362/2025-7950
Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio (Comigrar)
(61) 2025-9362/2025-7950
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