Passar um
dia brincando em um dos maiores parques de diversões da América Latina seria um
convite irrecusável para qualquer criança. Especialmente para essas, o convite
foi ainda mais especial, já que a maioria delas nunca esteve em um parque de
diversões. Sorrisos, alegria e muita bagunça marcaram a visita de crianças
refugiadas em São Paulo
ao Hopi Hari.
A
viagem, promovida pela ONG brasileira “Eu Conheço Meus Direitos” (IKMR, na
sigla em inglês) com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), reuniu cerca de 100 crianças e 100 adultos de
nacionalidades como Sudão do Sul, Irã, Paquistão, Costa do Marfim, Congo,
Colômbia, Angola, Camarões, Egito, Líbano e Síria.
Durante
o trajeto dentro do ônibus, repletas de expectativas por um dia diferente, as
crianças - e os adultos - cantavam, brincavam e, muitas vezes, iam longe em
seus pensamentos, talvez saudosos daquilo que já não podiam mais vivenciar em
sua terra natal, ou até mesmo esperançosos de que a nova vida pudesse ser tão
boa que valia a pena atravessar oceanos, fronteiras, superar os traumas e as
dificuldades para estar no Brasil. Exemplo disso é o menino Amir - solicitante
de refúgio - que ao dialogar com um dos nossos voluntários soube que há um
navegador brasileiro chamado Amyr Klink que atravessou o Oceano Atlântico num
barco à remo. “Quando eu crescer vou fazer igual a ele”, afirmou o garoto.
Na
entrada do parque as crianças mal podiam conter a ansiedade de passar pela
catraca que daria acesso a esse universo mágico, eufóricas com tantas
possibilidades. Correndo de um lado para o outro, pulando e sempre sorrindo,
não houve um único brinquedo que elas não quisessem ir. Um dia de muita alegria
e diversão que não vai sair da memória tão cedo. Alguns não queriam ir
embora, como Obel, um menino congolês, que insistia que gostaria de morar lá.
Para
Vivianne Reis, diretora executiva e idealizadora da IKMR, esta foi uma
oportunidade para que todos pudessem expressar sua infância como um resgate da
vivência lúdica não só das crianças, mas também dos pais. “O que mais me
surpreendeu foi que os pais não só se divertiram acompanhando seus filhos, mas
fizeram questão de brincar também”, afirma.
A proposta do passeio
integra a campanha da organização pelo Direito de Brincar, que promove
iniciativas que potencializam e ampliam essa forma de expressão essencial da
infância, fator fundamental para a disseminação de novos valores, rumo a uma
cultura de paz.
O
evento também contou com a presença e colaboração da Sociedade Islâmica
Brasileira, Missão Paz, Instituto de Reintegração do Refugiado (ADUS) e Centro
Social Nossa Senhora Aparecida, que fazem o atendimento dessas famílias na
capital paulista.
Semana
Mundial do Brincar -
Na última semana de maio será a vez das crianças refugiadas do Rio Grande do
Sul, que participam do projeto de reassentamento da Associação Antônio Vieira
(ASAV), visitarem um parque de diversões em Porto Alegre. A
ocasião será marcada pelo encerramento das atividades em torno da Semana
Mundial do Brincar e pela véspera do segundo aniversário da IKMR, que entrará
em campanha pela defesa de mais dois direitos: cultura e educação.
Por
Clarissa Cruz, da ONG “Eu Conheço Meus Direitos”.
Por:
ACNUR
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