domingo, 20 de novembro de 2011
Migrações mistas por via marítima para o Iêmen atingem recorde anual
Mais de 12,5 mil refugiados e migrantes chegaram ao Iêmen no mês passado em barcos de contrabandistas, aumentando o número total deste ano para 84,6 mil pessoas.
A chegada em outubro de 12,5 mil pessoas, que cruzaram o mar a partir do Chifre da África, representou a maior taxa mensal desde que o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começou a compilar os dados sobre esta rota de migração mista, em janeiro de 2006.
Dentre as chegadas deste ano, mais de 23 mil são de somalis, enquanto quase todo o restante, aproximadamente 61 mil pessoas, são etíopes. O total de 2011 já excedeu o recorde anual de 77 mil migrantes e refugiados registrado em 2009.
A porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, disse em Genebra nesta sexta-feira, que refugiados somalis representaram a maior parte das chegadas no Iêmen entre 2006 e 2008. “Mas isso mudou”, disse, acrescentando que migrantes etíopes passaram a constituir, desde 2009, o principal grupo a cruzar o Mar Vermelho e o Golfo do Aden. “De 2006 a 2011 o número de etíopes aumentou seis vezes – de 11 mil em 2006 para 61 mil entre janeiro e outubro deste ano”, observou.
O padrão das navegações também mudou significativamente nos últimos anos. Inicialmente, a maior parte das travessias ocorria pelo Golfo do Aden, por onde a jornada entre a Somália e o Iêmen durava entre três e quatro dias. Desde 2009, vem aumentando o tráfico no Mar Vermelho – onde a viagem do Chifre da África ao Iêmen dura somente algumas horas. Hoje, três a cada quatro barcos que aportam no Iêmen chegam pela costa do Mar Vermelho.
Refugiados somalis mencionam o conflito, a insegurança, a seca e a fome como os principais motivos que os levaram a deixar seu país. A maioria chega ao Iêmen desconhecendo a atual situação de insegurança no país, o que faz com que futuros deslocamentos sejam mais difíceis e perigosos.
A maioria dos etíopes diz que deixaram suas casas devido à falta de oportunidades econômicas e de subsistência, mas alguns afirmam terem fugido pelo medo de perseguição e pela insegurança em seus locais de origem.
Além de afetar refugiados e migrantes, a insegurança e o conflito em várias partes do Iêmen também aumentam os desafios e riscos para a equipe do ACNUR e outros trabalhadores humanitários.
“Nossos parceiros foram obrigados a reduzir o número de comboios e percorrem rotas mais longas para transportar os refugiados dos centros de recepção e trânsito, ao longo da costa do Golfo, para o campo de refugiados de Kharaz- cerca de 130 quilômetros ao oeste do Aden”, disse Melissa.
“Conjuntamente com nossos parceiros, estamos informando todos aqueles que se encontram nos centros de recepção e trânsito sobre a situação no Iêmen. Mas muitos decidem não esperar pelo transporte e partem a pé em direção às cidades iemenitas – passando frequentemente por áreas afetadas pelo conflito”, acrescentou.
O ACNUR também está preocupado com uma crescente onda de seqüestros, extorsões e agressões sexuais visando refugiados e, particularmente, migrantes etíopes.
Enquanto os somalis são automaticamente reconhecidos como refugiados ao chegar ao Iêmen, muitos etíopes são levados por traficantes para outros países do Golfo ou são mantidos como reféns antes mesmo de poder entrar em contato com autoridades governamentais ou representantes do ACNUR. Grande parte dos perpetradores faz parte de gangues de traficantes que aproveitam a baixa presença policial em algumas áreas do Iêmen, particularmente ao longo da costa do Mar Vermelho. O ACNUR continua oferecendo assistência médica e legal, além de aconselhamento psicológico às vítimas.
Atualmente o Iêmen abriga mais de 200 mil refugiados somalis. Além disso, estima-se que 445 mil civis estão deslocados dentro do país. O ACNUR e seus parceiros continuam provendo proteção e assistência fundamental.
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