Cheikh Oumar Foutyou Diba, 25 anos, pediu ajuda em uma padaria depois de
ser assaltado. O colchão onde ele dormia foi queimado
(Foto: Matheus Cavalheiro / Arquivo pessoal)
O grupo Direitos Humanos e Mobilidade
Humana Internacional (Migraidh), da UFSM, assumiu os cuidados pela saúde e
bem-estar de Cheikh Oumar Foutyou Diba. Por volta das 8h30min de
sábado, o jovem senegalês de 25 anos foi vítima de um assalto e teve parte do
corpo incendiado, enquanto dormia, na Avenida Rio Branco, na área central de
Santa Maria.
Três homens que o atacaram colocaram
fogo no colchão do rapaz, que sofreu queimaduras nas pernas e em um dos braços.
Os suspeitos fugiram, levando uma maleta com as bijuterias que ele costuma
vender pelas ruas da cidade, R$ 500 e os tênis que ele usava.
De acordo com Lidiane Silveira Rocha, funcionária da Padaria
Shalom, localizada na Avenida Rio Branco, Diba procurou
o local para comer. Devido às queixas de dor e ao choro do jovem, ela
e outras funcionárias perceberam que ele estava machucado.
Dioneia Beck, proprietária do
estabelecimento, tentou ajudar Diba com medicamentos para dor e com comida.
Mas, ao perceberem que as queimaduras eram graves, elas entraram em contato
com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e foram
informadas que eles não atendiam a esse tipo de ocorrência, sem gravidade.
O passo seguinte foi ligar para a Brigada Militar (BM), onde
atendentes acionaram o Corpo de Bombeiros. Em seguida,
o imigrante foi levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA),
onde recebeu os curativos necessários.
A Lidiane, Diba disse “meus amigos
brasileiros me queimaram”.
Como o caso não foi considerado de alta
gravidade, ele teve alta no fim da tarde de sábado, tendo sido acolhido por
integrantes do Migraidh, que ofereceram hospedagem e demais cuidados.
Segundo informações da professora Giuliana Redin, coordenadora do
Migraidh, Diba está “muito assustado e até um pouco constrangido” com as
ofertas de ajuda.
— Ele está bem fechado. Soube que ele falou pouco e chorou muito —
comenta.
Uma caminhada, a marcação de uma audiência pública na Câmara de
Vereadores e o encaminhamento do caso a órgãos federais e estaduais foram
algumas das medidas decididas em uma reunião do grupo Direitos Humanos
e Mobilidade Humana Internacional (Migraidh) — ligado ao curso de Direito
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Uma vaquinha também foi
criada para arrecadar recursos para o jovem.
No domingo, o Ministério da Justiça divulgou uma nota lamentando o fato.
Imigrante legal
O jovem informou ao Migraidh que veio de Sapucaia para Santa Maria há cinco dias, e que estava hospedado no Albergue Municipal – porém, na sexta-feira, não conseguiu chegar na instituição antes do horário de fechamento.
O jovem informou ao Migraidh que veio de Sapucaia para Santa Maria há cinco dias, e que estava hospedado no Albergue Municipal – porém, na sexta-feira, não conseguiu chegar na instituição antes do horário de fechamento.
Segundo informações da Polícia
Federal – que deve abrir investigação nesta segunda-feira – Cheikh
Oumar Foutyou Diba está regularizado no país e que tem passaporte.
Mas a professora Giuliana Redin,
coordenadora do Migraidh, esclarece que é dever do Estado assegurar a
integridade dos imigrantes, independentemente de estarem “legalizados”.
– A condição de documentação é
absolutamente irrelevante em se tratando do compromisso do Estado com a
proteção dos direitos humanos do imigrante. O ato de migrar não é crime, então
não existe imigração legal ou ilegal – explica.
Fonte: Zero Hora
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