Alguns refugiados sírios encontraram uma maneira
mais barata e segura, embora muito mais prolongada, de chegar à Europa do que
cruzar o mar Mediterrâneo: subir ao Círculo Polar Ártico e entrar na Noruega a
partir da Rússia, algumas vezes até mesmo de bicicleta.
Enquanto as atenções
do mundo estão voltadas aos imigrantes que se amontoam em trens na Hungria ou
em frágeis embarcações rumo à Grécia ou Itália, a polícia norueguesa disse que
cerca de 170 refugiados, a maioria síria, já cruzaram a passagem fronteiriça de
Storskog, no extremo norte da Noruega, neste ano, em comparação a apenas cerca
de uma dúzia em todo ano de 2014.
As relações próximas
entre Moscou e Damasco significam que é relativamente mais fácil para sírios
conseguirem visto para a Rússia. De lá, eles seguem para a Noruega, um dos
países mais ricos do mundo e membro da zona Schengen, de livre movimentação de
pessoas na Europa, embora não faça parte da União Europeia.
"Acredito que é
a única via legal para a Europa", disse Elijah Hansen, de 26 anos, um
estudante sírio que chegou à Noruega em março, após pagar 1.600 dólares pela
viagem, incluindo um voo de Beirute (Líbano) a Moscou, a viagem de 36 horas de
trem entre Moscou e o porto de Murmansk, no Ártico, e por fim uma carona de
carro até a fronteira.
Desesperado para
evitar o serviço militar na guerra civil da Síria, Hansen disse que teria sido
mais caro viajar através da Turquia e depois arriscar uma travessia de barco do
Mediterrâneo até a Grécia, rota na qual muitos refugiados se afogaram.
"Independentemente
do que poderia ter acontecido, foi ainda melhor do que morrer nas mãos do
Estado Islâmico ou ser morto em alguma zona de guerra na Síria", disse
Hansen, que adotou o nome norueguês depois de sua chegada. Ele disse que seu
nome original é Ali Alsalim.
A lei russa proíbe
que qualquer pessoa caminhe para a fronteira e é ilegal sob a lei norueguesa
dar carona a pessoas sem documentos adequados, o que levou alguns refugiados a
fazer o trecho final de bicicleta.
"O ciclismo (na
fronteira) é permitido sob as regras russas", disse o chefe da polícia na
cidade norueguesa de Kirkenes, Hans Moellebakken. "A maioria (que cruza a
fronteira) são indivíduos, mas há algumas famílias."
A polícia tem um
depósito com cerca de 40 bicicletas na fronteira, acrescentou Moellebakken.
Reuters
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