Pesquisa do Centro de Políticas
Sociais (CPS), da Fundação Getulio Vargas, indica uma abertura do Brasil para
profissionais estrangeiros qualificados, informou hoje (18) o coordenador da
unidade, Marcelo Neri, ex-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República.
A sugestão aproveita o tema mundial,
que é a imigração para a Europa, destacou Neri. Segundo ele, o Brasil fez
uma abertura na balança comercial, mas falta uma na conta de pessoas. “Trazer
gente de fora”. A pesquisa do CPS-FGV revela que o Brasil é um dos países mais
fechados para pessoas do mundo, com apenas 0,3% da população de imigrantes de
primeira geração, contra 3% no mundo e 15% nos Estados Unidos.
A América Latina, que, conforme
Marcelo Neri, é o continente mais fechado do mundo, tem 1,3% de imigrantes na
população. “O Brasil é menos de um quarto da América Latina. Nos anos 1900, o
Brasil chegou a ter 7,3% da população de imigrantes de primeira geração. Isso
se reflete em nossa baixa produtividade e baixo crescimento,"
Consulta do CPS mostra que a imagem
de Brasil fechado a novos talentos externos não tem correspondência na
percepção das pessoas, uma vez que 73,7% da população são favoráveis à vinda de
estrangeiros de alta qualificação e 70,8% acreditam que novos talentos amplia a
produtividade, “que é o nosso grande gargalo para o crescimento”. De acordo com
os dados, 84,2% dos brasileiros aceitariam trabalhar com imigrantes.
Para o coordenador, a imigração seria
um atalho para acelerar o crescimento, porque a educação demora muito tempo. “É
um investimento de maior retorno, só que é de longa duração. A imigração, além
de trazer gente qualificada em curto espaço de tempo, ajuda a trazer ideias
novas para o país e aumentar a produtividade." Acrescentou que, do lado
empresarial, a atividade é historicamente maior quando envolve imigrantes
porque, em geral, eles são empreendedores.
Neri destacou a baixa mobilidade de
estudantes no Brasil como reflexo da reduzida abertura. Na Austrália, de cada
mil residentes 13 estudam no exterior. No Brasil, o índice é de apenas 0,2
estudantes em cada mil. “É uma desproporção completa. O Brasil precisa de uma
melhor política educacional superior para poder gerar crescimento
econômico."
O coordenador da FGV lembrou a
mudança de relação entre diploma superior e ganho de renda. "A visão
anterior era que, a cada ano de estudo superior, o brasileiro ganhava 21% a
mais de renda. Nos últimos anos, caiu muito, por causa do movimento de redução
de desigualdades. O prêmio de educação caiu 30% nos últimos dez anos."
Edição: Armando
Cardoso
ACRITICA
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