Ao lado de seus rebentos brasileiros,
imigrantes que deixaram seus países recentemente para se fixarem no Brasil
comemoram pela primeira vez neste domingo (9) o Dia dos Pais. São estrangeiros
que vieram para ficar, não pretendem voltar aos seus países de origem e, com os
filhos, experimentam a maior possibilidade de se ligarem permanentemente ao
país.
"Com uma filha, fica tudo
diferente. Ela é uma benção de Deus. Lá [na Síria], estávamos preparados para
morrer. Aqui [no Brasil], não. Estamos vivendo em paz. É muito difícil ter
segurança. Outras coisas, nós podemos ter. Mais sem segurança, o horizonte não
é claro", diz o sírio Khaled Tomeh, 31, que mudou com a família de Homs,
um dos principais palcos do conflito sírio, para Belo Horizonte, em junho de
2014. Este ano, sua primeira filha nasceu no Brasil.
"Na Síria,
o Dia dos Pais é comemorado em 19 de março, dia de São José [pai de Jesus]. Mas
é claro que vou comemorar neste domingo, junto com a minha filha. Estou muito
feliz", diz o imigrante.
Em 29 de março
de 2015, nasceu Yasmin Tomeh, filha do imigrante e de sua mulher Mari Ghattas
Tomeh, 27. Yasmin significa jasmim, uma flor com cheiro adocicado, abundante na
região de Bab Sbaa (Porta do Leão), onde o imigrante morava com a família numa
confortável casa de classe média alta, e cristãos e mulçumanos do ramo alawta
viviam em paz, explica. Sua família é católica. "Não há mais nada
lá", diz Tomeh.
O sírio saca do
celular, abre a tela do aparelho e surge uma imagem da flor. "Tinha muito
lá. O jasmim é a coisa que mais me lembra a Síria", diz.
R$
2.500 por pessoa para a viagem
A mesma
situação é experimentada pelo imigrante haitiano Wilson Pierre, 32, pintor de
paredes, desempregado há duas semanas. Sua filha Maria Vitória Pierre nasceu em
2 de julho de 2015, em
Belo Horizonte.
"Estou
muito feliz e é bom estar com minha filha no Dia dos Pais aqui. Mas sinto
muitas saudades, não do Haiti, eu não quero voltar, mas dos meus outros filhos
que ainda estão lá", afirma Pierre.
O haitiano
Wilson Pierre ao lado de sua mulher, Pierrette, e sua filha Maria Vitória
O pintor deixou
dois filhos em Cabo
Haitiano --Ondina, 9, e Samuel, 6--, que ele pretende trazer
para morar com ele no Brasil. Ele lembra que, o Dia dos Pais, no Haiti, também
é comemorado no segundo domingo de agosto. Ele é adventista.
O haitiano
demorou alguns meses para economizar os US$ 2.500 necessários para deixar Cabo
Haitiano, no norte do país caribenho, e vir para o Brasil, em julho de 2012.
Após dois anos, em julho de 2014, Pierre economizou os US$ 2.500 para trazer a
mulher Pierrette Accilus, 31, para vir morar com ele em Belo Horizonte.
O casal mora
com a filha recém-nascida num quarto de cerca de 20 metros , com móveis
(cama, berço, mesa e cadeiras) e eletrodomésticos (fogão, geladeira, aparelho
de som e TV) novos, adquiridos entre o fim de 2014 e início deste ano.
"O
nascimento de Maria Vitória foi programado. Queria ter uma filha brasileira.
Mas se der, quero que toda a família venha para cá", afirma. Ele explica
que são o pai, a mãe, os dois filhos, os três irmãos e suas esposas, além dos
sete sobrinhos, no núcleo de Cabo Haitiano da família Pierre.
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