domingo, 9 de agosto de 2015

Imigrantes comemoram Dia dos Pais pela primeira vez no Brasil

Ao lado de seus rebentos brasileiros, imigrantes que deixaram seus países recentemente para se fixarem no Brasil comemoram pela primeira vez neste domingo (9) o Dia dos Pais. São estrangeiros que vieram para ficar, não pretendem voltar aos seus países de origem e, com os filhos, experimentam a maior possibilidade de se ligarem permanentemente ao país.
"Com uma filha, fica tudo diferente. Ela é uma benção de Deus. Lá [na Síria], estávamos preparados para morrer. Aqui [no Brasil], não. Estamos vivendo em paz. É muito difícil ter segurança. Outras coisas, nós podemos ter. Mais sem segurança, o horizonte não é claro", diz o sírio Khaled Tomeh, 31, que mudou com a família de Homs, um dos principais palcos do conflito sírio, para Belo Horizonte, em junho de 2014. Este ano, sua primeira filha nasceu no Brasil.
"Na Síria, o Dia dos Pais é comemorado em 19 de março, dia de São José [pai de Jesus]. Mas é claro que vou comemorar neste domingo, junto com a minha filha. Estou muito feliz", diz o imigrante.
Em 29 de março de 2015, nasceu Yasmin Tomeh, filha do imigrante e de sua mulher Mari Ghattas Tomeh, 27. Yasmin significa jasmim, uma flor com cheiro adocicado, abundante na região de Bab Sbaa (Porta do Leão), onde o imigrante morava com a família numa confortável casa de classe média alta, e cristãos e mulçumanos do ramo alawta viviam em paz, explica. Sua família é católica. "Não há mais nada lá", diz Tomeh.
O sírio saca do celular, abre a tela do aparelho e surge uma imagem da flor. "Tinha muito lá. O jasmim é a coisa que mais me lembra a Síria", diz.

R$ 2.500 por pessoa para a viagem

A mesma situação é experimentada pelo imigrante haitiano Wilson Pierre, 32, pintor de paredes, desempregado há duas semanas. Sua filha Maria Vitória Pierre nasceu em 2 de julho de 2015, em Belo Horizonte.
"Estou muito feliz e é bom estar com minha filha no Dia dos Pais aqui. Mas sinto muitas saudades, não do Haiti, eu não quero voltar, mas dos meus outros filhos que ainda estão lá", afirma Pierre.

O haitiano Wilson Pierre ao lado de sua mulher, Pierrette, e sua filha Maria Vitória
O pintor deixou dois filhos em Cabo Haitiano --Ondina, 9, e Samuel, 6--, que ele pretende trazer para morar com ele no Brasil. Ele lembra que, o Dia dos Pais, no Haiti, também é comemorado no segundo domingo de agosto. Ele é adventista.
O haitiano demorou alguns meses para economizar os US$ 2.500 necessários para deixar Cabo Haitiano, no norte do país caribenho, e vir para o Brasil, em julho de 2012. Após dois anos, em julho de 2014, Pierre economizou os US$ 2.500 para trazer a mulher Pierrette Accilus, 31, para vir morar com ele em Belo Horizonte.
O casal mora com a filha recém-nascida num quarto de cerca de 20 metros, com móveis (cama, berço, mesa e cadeiras) e eletrodomésticos (fogão, geladeira, aparelho de som e TV) novos, adquiridos entre o fim de 2014 e início deste ano.
"O nascimento de Maria Vitória foi programado. Queria ter uma filha brasileira. Mas se der, quero que toda a família venha para cá", afirma. Ele explica que são o pai, a mãe, os dois filhos, os três irmãos e suas esposas, além dos sete sobrinhos, no núcleo de Cabo Haitiano da família Pierre.

 uol.om.br

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