A família Sebastião, com dez membros, foi alvo de deportação do Canadá quinta-feira(29) rumo aos Açores, não conseguindo evitar o repatriamento, apesar de várias diligências de última hora.
Foi uma noite de nervosismo e de ansiedade até que o voo da Sata descolou para Ponta Delgada, levando a bordo os dez membros da família Sebastião, mais o marido da filha mais velha.
Apesar do anúncio de partida do Airbus da Sata , a aeronave permaneceu imobilizada mais tempo na placa para o pessoal de terra proceder ao descongelamento da neve acumulada no avião.
O voo da Sata International tem como destino o Porto, via Ponta Delgada.
Em rigor, do total de dez elementos da família originária dos Açores apenas seis – os pais (Paulo e Maria Irene, de 46 e 44 anos de idade, respectivamente) e quatro filhos (Marília, 27 anos, Vanessa, 23, Paulo Júnior, 19, e Beatriz, 13) – são deportados.
Quatro são cidadãos canadianos
Os restantes quatro elementos da família, os netos, todos com menos de cinco anos, são cidadãos canadianos por terem nascido no país, mas acompanham os pais, segundo determinaram os serviços de imigração, embora possam voltar a todo o momento ao Canadá.
Até ao derradeiro minuto, mesmo quando já tinham embarcado, todos aguardavam uma decisão de Otava que permitisse à família descer do avião, o que não aconteceu.
Horas antes da partida, o advogado Tony Dutra recebeu uma resposta do gabinete do primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, relativamente ao pedido urgente em que solicitava a suspensão da ordem de deportação, para a situação da família poder ser reavaliada.
“Apesar de o primeiro-ministro compreender as circunstâncias que o motivam a escrever, há restrições ao envolvimento de membros do Governo – incluindo o primeiro-ministro – em casos como o que acaba de descrever”, justificou a Tony Dutra um responsável do gabinete de Stephen Harper, num email a que a Lusa teve acesso.
“Livre de interferência política”
“Estas limitações existem com vista a assegurar a todos os candidatos que a decisão num processo de imigração e refúgio é independente e livre de interferência política”, acrescentou, adiantando ter enviado o correio electrónico para o ministro canadiano da Imigração.
Por seu turno, uma adjunta do ministro federal da Segurança Pública, Vic Toews, em Otava, solicitou a Tony Dutra dados sobre a decisão de deportação referente à família, pedindo-lhe ainda que efectuasse um novo pedido de suspensão daquela ordem, o que fez. Mas não teve mais contactos.
Também, nesta quinta-feira, em Otava, uma responsável do Ministério da Cidadania e Imigração do Canadá – pasta que tutela o processo de imigração –, confirmou à Lusa a recepção da carta enviada pelo Governo português, em que solicitava um “acto de clemência” para a família portuguesa.
Resposta ao Governo português a “curto prazo”
“Essa missiva do Governo português [dirigida ao ministro Kenney] foi recebida ontem e uma resposta será enviada no curto prazo”, declarou à Lusa Nancy Caron, do gabinete do titular da pasta da Imigração.
O secretário de Estado português das Comunidades, José Cesário, revelou nesta quarta-feira à Lusa ter enviado duas cartas na segunda-feira aos ministros da Cidadania e Imigração e da Segurança Pública (administração interna) do Canadá, nas quais o Executivo português pedia um “acto de clemência” para aquela família.
O Governo Regional dos Açores intercedeu igualmente junto do Executivo de Harper a favor da família Sebastião e já lhe garantiu acolhimento, disponibilizando casas arrendadas e apoio social para a integração da família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário