sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Deportados dos EUA, somalis ficam 48 horas algemados em avião


Mulher somali aguardando embarque para voltar ao seu país

Um juiz do estado americano da Flórida emitiu uma ordem nesta quarta (20) impedindo que o governo dos EUA prossiga com a deportação de 92 homens e mulheres para a Somália. O grupo alega ter sido mantido em condições desumanas dentro de um avião, durante dois dias, por agentes da imigração.
O grupo partiu no dia 7 de dezembro em um voo rumo a Mogadíscio, na Somália. O avião fez uma parada em Dakar, no Senegal, e permaneceu lá por 23 horas antes de voltar para os Estados Unidos. Segundo a ICE (Immigration and Costumes Enforcement), agência responsável pela imigração e alfândega nos EUA, a tripulação não teve o descanso suficiente para completar a viagem e voltou.
Segundo a ação, durante as 48 horas em que os somalis permaneceram dentro do avião, eles ficaram algemados e amarrados pelos pulsos, cinturas e pernas e forçados a permanecer sentados o tempo todo. Aqueles que protestavam eram espancados, arrastados pelo corredor e ameaçados pelos agentes da imigração. Em depoimento, o passageiro Farah Ali Ibrahim relatou a violência.
— Depois de cerca de 20 horas parados, me levantei para perguntar o que estava acontecendo e por que estávamos esperando ali. Um agente me agarrou pela camisa e eu caí. Outros agentes vieram, me arrastaram pelo corredor e me bateram muito. No fim, me colocaram uma camisa de força .
Além dos maus tratos sofridos, o grupo alega temer represálias ao chegar à Somália. Eles acreditam que podem virar alvos do grupo terrorista Al-Shabaab, que vem aterrorizando o país com ações contra pessoas que tenham relações com o Ocidente e mais especificamente com os EUA. Muitos dos deportados viviam há décadas no país.
O Al-Shabaab foi responsável pelo atentado a bomba que matou mais de 500 pessoas na capital da Somália no dia 14 de outubro deste ano.
Segundo a decisão do juiz Darrin Gayles, a imigração está impedida de deportar os passageiros até uma audiência marcada para o próximo dia 2 de janeiro. Além disso, os somalis devem ter garantidos o acesso a seus advogados e o tratamento médico para aqueles que se feriram dentro do avião.
R7
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