Se a reunião de dezembro
do Conselho Europeu terminou com acordo sobre o "Brexit", não se pode
dizer o mesmo a respeito da crise migratória. As declarações dos líderes do
bloco em Bruxelas nesta sexta-feira (15) deixaram claro que um abismo ainda os
separa na questão do acolhimento a refugiados e migrantes forçados.
"Permanece uma
indisponibilidade, a nosso ver, inaceitável de alguns países em respeitar as
decisões tomadas", atacou o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni,
em um recado direto a Eslováquia, Hungria, Polônia e República Tcheca, que
formam o grupo Viségrad, principal barreira contra as políticas migratórias da
União Europeia.
O premier fazia
referência ao programa de reassentamento de solicitantes de refúgio instituído
pela UE em setembro de 2015, mas que até agora não deslanchou. Apenas da
Itália, seriam remanejadas 39,6 mil pessoas, porém o número de indivíduos
realocados é pouco inferior a 10,5 mil, sendo que nenhum deles foi para os
países do Viségrad.
"Não posso aceitar
que haja solidariedade em muitas áreas e em outras, não. Essa solidariedade
seletiva é inaceitável", criticou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel,
que lidera a frente pró-acolhimento com Itália e França. Segundo ela, há
consenso sobre a forma de combater a imigração ilegal e suas causas, mas falta
um acordo sobre a "solidariedade interna".
A polêmica ganhou corpo
nos últimos dias, quando o presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald
Tusk, propôs o abandono do sistema de cotas, sugestão chamada pelo comissário
para Migrações, o grego Dimitris Avramopoulos, de "inaceitável e
antieuropeia".
"Antieuropeu, eu?
Sou muito pró-Europa, porque penso na unidade dos 28 e na solidariedade.
Trabalharei com determinação para chegar a uma decisão unânime", disse
Tusk nesta sexta-feira, após a reunião do órgão em Bruxelas. "A
solidariedade é uma marca da Polônia", acrescentou.
Contudo, ele manteve a
posição contrária ao reassentamento, que, para o presidente da Comissão Europeia,
o luxemburguês Jean-Claude Juncker, é um "sucesso".
Tratados
A UE também continua longe de um consenso sobre a reforma
da Convenção de Dublin, aprovada pela Comissão de Liberdades Cívicas do
Parlamento Europeu em outubro, mas que ainda não avançou na principal instância
política do bloco.
Esse documento determina que o país de chegada do
solicitante de refúgio na União Europeia seja o responsável por analisar seu
pedido, sistema que penaliza nações como Itália e Grécia. A nova versão
aprovada pelos eurodeputados prevê um modelo automático e permanente de
realocação, tornando definitiva uma medida já rechaçada pelos países do leste.
"Não estamos nem mesmo perto de um compromisso. Há
ainda uma indisponibilidade inaceitável de alguns países, em particular do
Viségrad", afirmou Gentiloni, que descarta a hipótese de fazer com que as
cotas sejam opcionais, como pedem Hungria, Eslováquia, República Tcheca e
Polônia.
"A esperança é que o sucesso na luta ao tráfico de
migrantes e a consequente redução dos fluxos irregulares tornem o clima da
discussão mais simples", acrescentou o primeiro-ministro da Itália.
Terra.com.br
www,miguelimigrante.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário