quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

ONG discute desafios para integrar refugiados ao sistema educacional do Brasil

Diferenças linguísticas são uns dos principias desafios enfrentados por crianças refugiadas que frequentam o sistema educacional do Brasil. É o que revela um levantamento preliminar divulgado neste mês pela organização não governamental I Know My Rights (IKMR), responsável pela iniciativa Cidadãs do Mundo. Criado ao final de 2016 com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), projeto mantém rede de compartilhamento de experiências pedagógicas, promovendo trocas entre gestores e docentes para aprimorar a integração dos estrangeiros em situação de deslocamento forçado.
Hanan Dacka (no centro), 12 anos de idade, estuda ao lado de suas novas amigas brasileiras em uma escola pública no centro de São Paulo. Foto: ACNUR/ Gabo Morales
A refugiada síria Hanan Dacka (no centro) estuda ao lado de suas novas amigas brasileiras em uma escola pública no centro de São Paulo. Foto: ACNUR/ Gabo Morales
Diferenças linguísticas são uns dos principias desafios enfrentados por crianças refugiadas que frequentam o sistema educacional do Brasil. É o que revela um levantamento preliminar divulgado neste mês pela organização não governamental I Know My Rights (IKMR), responsável pela iniciativa Cidadãs do Mundo. Criado ao final de 2016 com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), projeto mantém rede de compartilhamento de experiências pedagógicas, promovendo trocas entre gestores e docentes para aprimorar a integração dos estrangeiros em situação de deslocamento forçado.
Ao longo de 2017, a equipe do programa realizou 1017 visitas a famílias nos bairros com o maior número de residentes refugiados na Grande São Paulo. Na avaliação da IKMR, há um estereótipo marcante no ambiente escolar sobre a percepção de refugiados, principalmente nos momentos iniciais.
As barreiras linguísticas podem dificultar o convívio e o aprendizado das crianças e adolescentes estrangeiros. Do total de 49 crianças atendidas neste ano, 59% são da Síria; 29%, da República Democrática do Congo; 10%, da Palestina; e 2%, de Angola. Desse contingente, 71% fala árabe; 17%, francês; e 12%, lingala.
Durante evento para divulgar os dados já compilados pela iniciativa, a coordenadora do Cidadãs do Mundo, Ana Carolina Alonso, defendeu que a família dos refugiados faça parte do processo de inclusão, entendendo o currículo brasileiro, as sociabilidades e os objetivos da educação. Os professores também devem estar compromissados com esta proposta e já há muitos exemplos de boas práticas pela cidade de São Paulo.
Também presente, o diretor da escola municipal Infante Dom Henrique, Claudio Marques da Silva Neto, afirmou que “não basta a escola ser democrática, ela deve promover a democracia”. “A escola deve buscar entender os dilemas que acontecem no seu ambiente e a chegada de alunos estrangeiros faz parte da nossa realidade”, acrescentou.
Neste colégio de ensino fundamental, todo aluno que é matriculado apresenta o seu país para os demais colegas, tornando-se interlocutor de sua própria história. A imigração é um tema contemplado pelo projeto pedagógico e, como resultado, os estudantes estrangeiros se sentem incluídos pelo processo de aprendizagem e apresentam rendimento melhor.
Os dados prévios apresentados pela IKMR apontam ainda que o rendimento escolar muitas vezes não condiz com o real desenvolvimento das crianças. A pesquisa indica que é preciso analisar para além das notas, a fim de entender todo o complexo contexto de adaptação desses alunos.
Sobre as diferenças de idioma entre os corpos docente e discente, a ONG acredita que tanto os profissionais de educação, quanto o poder público precisam estar atentos à questão. Em outubro de 2107, o governo estadual de São Paulo lançou uma cartilha com orientações sobre o acolhimento de alunos estrangeiros, sejam eles refugiados ou migrantes. O documento está disponível online (clique aqui para baixar) e já é uma referência para promover conhecimentos legais e estruturais sobre a inclusão de estudantes de outros países.

Educação de refugiados no mundo

O acesso a educação permanece um problema grave para crianças e adolescentes que vivem em situação de deslocamento forçado no mundo. Um relatório lançado pelo ACNUR em setembro desse ano revelou que somente 61% das crianças refugiadas frequentam a escola — globalmente, entre meninos e meninas que não vivem em condição de refugio, o índice de matrícula é de 91%.
Quando considerado o Ensino Médio, a agência da ONU calculou que 84% de todos os adolescentes do planeta estão matriculados neste nível da educação formal, mas, entre os refugiados, o índice cai para 23%. A situação é ainda mais crítica em relação ao Ensino Superior. Em todo o mundo, 36% das pessoas chegam à universidade, mas apenas 1% dos refugiados estão cursando alguma faculdade. Como as crianças representam mais da metade das 22,5 milhões de pessoas refugiadas, iniciativas de inclusão são fundamentais para efetivar o direito desses meninos e meninas a educação.
Onu
www.miguelimigrante.blogspot.com

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