A falta de mão de obra qualificada na
área detransporte de cargas tem causado um deficit de 5 mil profissionais
em Mato Grosso. E isso tem levado as transportadoras a optarem pela contratação
de pessoas com pouca experiência e até mesmo importar mão de obra de países
latinos. No Brasil, a falta de caminhoneiros chega a 140 mil e a tendência é de esse
número aumentar.
O presidente do Sindicato dos
Motoristas (STETT/CR), Ledevino Conceição, relata que há dois anos já começou
em Mato Grosso o movimento de contratação de estrangeiros, principalmente dos
países da América do Sul, e que o principal destino tem sido a
área de frigoríficos.
“Devido à precariedade das estradas e
falta de qualificação, as empresas estão com deficit de funcionários,
problema que está sendo amenizado com a vinda de estrangeiros. Ainda não temos
um balanço de quantos já trabalham no Estado, mas sabemos que há argentinos,
bolivianos e colombianos. E esse mesmo movimento está sendo realizado também no
sul do Brasil”, diz Conceição.
No Paraná, desde fevereiro levas de
colombianos estão sendo capacitados para começar a atuar no transporte
rodoviário. E de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte do Paraná, o interesse de
motoristas estrangeiros em trabalhar no Brasil é crescente, tanto que logo no
início do convênio para trazer esses trabalhadores cerca de 200 currículos
chegaram ao sindicato.
Para Ledevino, a falta de capacitação
não é o único empecilho para a falta de trabalhadores nessa área, pois também a
falta de estrutura nas estradas dificulta muito a vida desses profissionais.
“As pessoas não querem trabalhar com
transporte rodoviário porque as estradas estão cada vez piores, o que
leva eles a passarem mais tempo longe de casa, o que dificulta o investimento
em alguma formação e poucas pessoas querem continuar em uma profissão sem
crescimento”, diz.
Importação divide opiniões
Entre os motoristas ainda há
divergência sobre a vinda de estrangeiros para atuar no Brasil, principalmente
entre os trabalhadores mais antigos, mas há quem aprove a medida, pois o deficit de
motoristas nas empresas tem deixado vários caminhões parados nas garagens.
No grupo dos que discordam da medida
está Laudelino da Costa, 70 anos de idade e 50 de profissão. Para o motorista,
o que está faltando é valorização da profissão e mais treinamento para os
jovens.
“É muito melhor profissionalizar o
brasileiro e valorizar nossa população do que trazer pessoas de fora para
ganhar pouco. Atualmente, os mais novos só entram na profissão por causa da
ilusão de viajar, mas não têm responsabilidade nenhuma e o resultado são
caminhoneiros usando cocaína antes de pegar no volante, como já vi várias vezes”, diz Costa.
Já para o caminhoneiro Ivo Frare, 40
anos, a vida na estrada é arriscada. Por isso, ele acredita que poucos querem seguir na
carreira, então a vinda de estrangeiros é uma boa opção.
“Em várias empresas há muitos
caminhões parados, só de falar que é motorista ‘jogam' a chave na nossa mão
oferecendo bons salários, sem nem termos pedido emprego. Então a vinda de
estrangeiros é uma saída, tanto que já vi um haitiano na estrada e não vi
problema nenhum, pois há espaço na área”, diz Frare.
Circuitomatogrosso
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