segunda-feira, 2 de junho de 2014

Em um mês, Acre enviou quase 2,7 mil imigrantes para São Paulo

Entre os dias 31 de março e 30 de abril, o governo do Acre enviou para São Paulo, em 60 ônibus fretados, 2.640 imigrantes, de acordo com levantamento feito pela administração estadual. A passagem entre os dois estados sai pelo custo de R$ 700 por imigrante, de acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). Segundo secretário Nilson Mourão, no mesmo período aproximadamente 200 imigrantes viajaram por conta própria e outros grupos de 100 pessoas foram contratados por empresas.
Apesar de o ônibus seguir para a capital paulista, o secretário afirma que nem todos têmSão Paulo como destino final. "Nós fretamos os ônibus para aqueles que precisam, que não tem como partir. Nem todos vão para São Paulo, o ônibus segue até esse destino. Tem um grupo que desembarca em Porto Velho, alguns ficam em Cuiabá  e um outro desembarca na rodoviária de São Paulo e segue para outras cidades. Esse é o número de pessoas que partiram do Acre", explica. 
O secretário ressalta ainda que, desde 2010 até abril deste ano, mais de 22 mil imigrantes já passaram pelo Acre. "Estamos a caminho dos 23 mil imigrantes. É muita gente que passou por aqui, mas este número [dos 2.640 imigrantes] é expressivo", afirma.
Para Mourão, é necessário criar políticas permanentes para a questão da imigração, devido a política de fronteira aberta do governo federal. "Precisamos do auxílio do governo federal em muitas áreas. Não pode continuar da forma como estávamos fazendo, com muitas necessidades. Isso está sendo debatido e construído com o governo federal", afirma o secretário.
Rota de imigração
Cerca de 30 imigrantes chegam ao Acre todos os dias através da fronteira do Peru com a cidade de Assis 
Brasil, distante 342 km da capital. Na maioria são imigrantes haitianos que deixam a terra natal, desde 2010, quando um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e devastou parte do país.
Eles vêm ao Brasil em busca de uma vida melhor e de poder ajudar familiares que ficaram para trás. Para chegar até aqui eles saem, em sua maioria, da capital haitiana, Porto Príncipe, e vão de ônibus até Santo Domingo, capital da República Dominicana, que fica na mesma ilha. Lá, compram uma passagem de avião e vão até o Panamá. Da Cidade do Panamá, seguem de avião ou de ônibus para Quito, no Equador.
Por terra, vão até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes e passam por Piura, Lima, Cuzco ePuerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passam até chegar a Brasiléia.
Abrigo
O abrigo de imigrantes em Brasiléia, distante 232 km de Rio Branco, e com pouco mais de 22 mil habitantes, foi desativado no dia 15 abril. Entre março e abril deste ano, a cidade chegou a comportar mais de 2,5 mil imigrantes que ficaram retidos no Acre devido à interdição da BR-364, ocasionada pela cheia histórica do Rio Madeira, em Rondônia (RO).
No dia 12 abril, o primeiro grupo chegou em Rio Branco e se instalou oficialmente no novo abrigo da capital, localizado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. A partir desta data, ônibus foram fretados para a retirada dos imigrantes do estado.
Nesta semana, o governo anunciou o novo espaço alugado para abrigar os imigrantes, que vai custar R$ 20 mil por mês aos cofres públicos, segundo informações da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). O alojamento funcionará na Chácara Aliança, localizada na estrada do Irineu Serra, em Rio Branco, e tem capacidade para 500 pessoas. A expectativa é que nesta segunda-feira (2) ocorram as transferências dos imigrantes.


 G1

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