“Os Estados Unidos, com seu projeto de imigração e alguns
discursos que escutamos, fizeram os países da América Central e os pais
imigrantes que estão em solo americano acreditarem que podiam receber seus
filhos e que eles teriam a possibilidade de obter um registro permanente”,
afirmou na sexta-feira o segundo homem mais importante do governo mexicano, Miguel Ángel Osorio Chong.
O secretário de Interior
fez essas declarações em uma entrevista a uma emissora de rádio depois de se
reunir com o vice-presidente dos EUA,Joseph Biden,
os mandatários da Guatemala e
de El Salvador, Otto Pérez e Salvador Sánchez, e representantes de Honduras
para abordaro drama humanitário das crianças migrantes que chegam
sozinhas aos Estados Unidos.
Nas palavras de Osorio Chong, o Governo de Obama deve lançar uma “campanha de
informação para os imigrantes que estão nos Estados Unidos” para que estes, por
sua vez, possam “avisar seus familiares em toda a América Central de que não há
possibilidade de os menores serem recebidos legalmente ao chegar” ao país
norte-americano. O secretário, que foi enviado à reunião para representar o
presidenteEnrique Peña Nieto, afirmou ainda que o problema
das crianças migrantes também é um problema de segurança: “Ao mandá-los
sozinhos, as famílias os expõem a riscos muito graves”.
Por sua localização geográfica, o México é passagem obrigatória na
rota até os Estados Unidos. Apenas entre 17 e 24 de março deste ano, em uma
semana considerada negra, o Instituto
Nacional de Migraçãoresgatou 370 menores. Dentre eles, 163 foram
abandonados por supostos traficantes de pessoas. Os polleros ou coyotes, como são
conhecidos na região, cobram cerca de 8.000 dólares (aproximadamente 17.800
reais) para transportar as crianças desde a América Central, mas quando
autoridades aparecem, ele fogem deixando os menores sozinhos. Ao passar pelo
México, os migrantes se expõem a sequestros, estupros, extorsões ou
assassinatos por parte dos grupos do crime organizado que atuam nos diferentes
Estados do país.
Para Osorio Chong, é fundamental que exista “uma perspectiva
regional, políticas públicas conjuntas e que não seja apenas um país que tente
enfrentar o problema sozinho”. “Até agora cada um trouxe sua proposta, mas não
há uma coordenação”, disse.
O secretário assegurou que
expôs o problema nesses termos, e que o vice-presidente Joe Biden se mostrou
receptivo a suas queixas. Além disso, convocou todos os países a abordar o
assunto na próxima reunião que ocorrerá em Manágua, no fim de junho.
Há algumas semanas, Barack Obama se referiu à entrada de crianças
sem documentos nos Estados Unidos como um “assunto humanitário urgente”. O
presidente pediu ao Congresso uma sessão extraordinária para resolver como
lidar com a multidão de pessoas sem documentos, e o Governo
habilitou bases militares para atendê-los. No entanto, a capacidade desses
albergues também se viu transbordada, o que gerou uma crise sem precedente no
país.
Entre outubro de 2013 e maio de 2014, a Polícia de Fronteira
deteve 46.188 jovens menores de 17 anos. Há 13 anos, a quantidade de crianças
que chegavam aos EUA sem documentos não passava de uma média de 6.700 por ano.
El Pais
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