A partir deste mês de setembro e até 6 de
dezembro, a Fundação Memorial da América Latina apresenta o projeto
“Civilizações migrantes: Migrações e direitos humanos”. Promovido pelo
Instituto Norberto Bobbio – Cultura, Democracia e Direitos Humanos, em parceria
com a Comissão Municipal pelos Direitos Humanos de São Paulo, a Associação
Cidade Escola Aprendiz, o Centro de Estudos Migratórios/Missão Paz, além do
próprio Memorial. Coordenado pelo professor italiano Maurizio Russo (doutor em
história pela Universidade de Nancy), o projeto organiza encontros nos quais
são exibidos filmes que tratam de alguma forma do tema “imigração”. Essas
películas são então comentadas e debatidas por especialistas e personalidades
do mundo acadêmico e cultural. O evento será no Auditório da Biblioteca
Latino-americana Victor Civita, com entrada franca.
Ao longo do ano, essa
“mostra-seminário” Cinema e Migração realiza um percurso pela estética e
história do cinema internacional e faz uma reflexão sobre como o cinema se faz
memória de um fenômeno fundamental da história da humanidade: a migração. O
cinema é um produto cultural complexo de uma sociedade, narrativa que recolhe a
memória de seus fenômenos relevantes, que marcaram sua história. O cinema
conservou e transmitiu a memória da migração, testemunhando um fenômeno de
grande relevância social, política, econômica em sua evolução através dos anos,
desde o pós-guerra até os dias atuais. Os trabalhos artísticos de autores como
Pietro Germi, Franco Brusati, Luchino Visconti, Ettore Scola, Mathieu
Kassovitz, Kean Loach, entre outros, narram com olhar crítico, irônico,
dramático ou grotesco a história das sociedades contemporâneas que vivem o
fenômeno da migração como um dos aspectos fundamentais da sua própria evolução.
As migrações caracterizam a história da
humanidade desde os tempos mais antigos, mas muitas vezes são apresentadas como
fenômenos estranhos e antinaturais. A Itália, por exemplo, teve seu
passado de migração e tem o seu presente de país objetivo ou ponto de passagens
de novos migrantes. A dificuldade em reconhecer estas duas realidades como
relacionadas e normais deixa pouco claro o juízo sobre o fenômeno migratório.
Em vez de ser visto como um problema concreto do nosso mundo ao qual dar
respostas coerentes, a migração é utilizada por políticos inescrupulosos para
fins eleitoreiros. Incapazes de dar respostas aos problemas da sociedade,
partidos xenófobos tem utilizado a presença dos trabalhadores estrangeiros de
modo demagógico, fomentando o sentimento racista.
O cinema é a memória revisitada, e nas mãos
desses intelectuais-artistas, narra, conta, descreve o que é ser migrante, em
lugares e em épocas diferentes, distantes no tempo e no espaço, deixando uma
série de interpretações sugestivas e artísticas, e também altamente críticas do
que foi por exemplo, a migração italiana no mundo. O seminário traça a história
desta memória por meio de algumas obras fundamentais da cinematografia,
favorecendo o encontro de São Paulo, apelidada “a cidade da migração”, com a
memória desta migração.
PROGRAMAÇÃO
Dia 27
“Pane e cioccolata”, de Franco Brusatti e os
migrantes na Commedia
Dia 4/10
“Così ridevano”, de Gianni Amelio, o cinema e
a migração interna *
Dia 18/10
“La haine”, de Mathieu Kassovitz, o olhar do
cinema francês sobre a migração
Dioa 8/11
“Bread and Roses”, de Kean Loach, o cinema e
os migrantes no USA
Dia 22/11
“Bolívia” (foto do destaque), de Adrián Caetano, o cinema latino
e a migraçao
Dia 6/12
“Come un uomo sulla terra”, de A. Segre e D.
Yimer, o novo cinema italiano e a migração contemporânea
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