sábado, 15 de setembro de 2012

Migração é tema de mostra de filmes e debates


A partir deste mês de setembro e até 6 de dezembro, a Fundação Memorial da América Latina apresenta o projeto “Civilizações migrantes: Migrações e direitos humanos”. Promovido pelo Instituto Norberto Bobbio – Cultura, Democracia e Direitos Humanos, em parceria com a Comissão Municipal pelos Direitos Humanos de São Paulo, a Associação Cidade Escola Aprendiz, o Centro de Estudos Migratórios/Missão Paz, além do próprio Memorial. Coordenado pelo professor italiano Maurizio Russo (doutor em história pela Universidade de Nancy), o projeto organiza encontros nos quais são exibidos filmes que tratam de alguma forma do tema “imigração”. Essas películas são então comentadas e debatidas por especialistas e personalidades do mundo acadêmico e cultural. O evento será no Auditório da Biblioteca Latino-americana Victor Civita, com entrada franca.
Ao longo do ano, essa “mostra-seminário” Cinema e Migração realiza um percurso pela estética e história do cinema internacional e faz uma reflexão sobre como o cinema se faz memória de um fenômeno fundamental da história da humanidade: a migração. O cinema é um produto cultural complexo de uma sociedade, narrativa que recolhe a memória de seus fenômenos relevantes, que marcaram sua história. O cinema conservou e transmitiu a memória da migração, testemunhando um fenômeno de grande relevância social, política, econômica em sua evolução através dos anos, desde o pós-guerra até os dias atuais. Os trabalhos artísticos de autores como Pietro Germi, Franco Brusati, Luchino Visconti, Ettore Scola, Mathieu Kassovitz, Kean Loach, entre outros, narram com olhar crítico, irônico, dramático ou grotesco a história das sociedades contemporâneas que vivem o fenômeno da migração como um dos aspectos fundamentais da sua própria evolução.
As migrações caracterizam a história da humanidade desde os tempos mais antigos, mas muitas vezes são apresentadas como fenômenos estranhos e antinaturais. A Itália, por exemplo, teve seu passado de migração e tem o seu presente de país objetivo ou ponto de passagens de novos migrantes. A dificuldade em reconhecer estas duas realidades como relacionadas e normais deixa pouco claro o juízo sobre o fenômeno migratório. Em vez de ser visto como um problema concreto do nosso mundo ao qual dar respostas coerentes, a migração é utilizada por políticos inescrupulosos para fins eleitoreiros. Incapazes de dar respostas aos problemas da sociedade, partidos xenófobos tem utilizado a presença dos trabalhadores estrangeiros de modo demagógico, fomentando o sentimento racista.
O cinema é a memória revisitada, e nas mãos desses intelectuais-artistas, narra, conta, descreve o que é ser migrante, em lugares e em épocas diferentes, distantes no tempo e no espaço, deixando uma série de interpretações sugestivas e artísticas, e também altamente críticas do que foi por exemplo, a migração italiana no mundo. O seminário traça a história desta memória por meio de algumas obras fundamentais da cinematografia, favorecendo o encontro de São Paulo, apelidada “a cidade da migração”, com a memória desta migração.
PROGRAMAÇÃO
Dia 27
“Pane e cioccolata”, de Franco Brusatti e os migrantes na Commedia
Dia 4/10
“Così ridevano”, de Gianni Amelio, o cinema e a migração interna *
Dia 18/10
“La haine”, de Mathieu Kassovitz, o olhar do cinema francês sobre a migração
Dioa 8/11
“Bread and Roses”, de Kean Loach, o cinema e os migrantes no USA
Dia 22/11
“Bolívia” (foto do destaque), de Adrián Caetano, o cinema latino e a migraçao
Dia 6/12
“Come un uomo sulla terra”, de A. Segre e D. Yimer, o novo cinema italiano e a migração contemporânea

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