A concentração de
investimentos em grandes obras de infraestrutura e em complexos esportivos no
Brasil torna o país atrativo para trabalhadores pouco qualificados, que buscam
oportunidades na indústria da construção civil e, por isso, mais propensos a
situações de trabalho análogo a escravo, avalia o coordenador do Projeto de
Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
Luiz Machado.
Embora a perspectiva da organização seja diminuir o número de
trabalhadores nesta situação no Brasil, Machado considera os egressos de países
vizinhos como um grupo vulnerável, que deve aumentar com a intensidade no ritmo
das obras.
Os imigrantes, muitos dos quais entram no país de forma irregular,
são mais suscetíveis à exploração, que já foi detectada em Mato Grosso, em
Cáceres e Cuiabá, e em estados fronteiriços do Norte do país, no Acre e em
Rondônia. Caso dos haitianos.
A grande concentração de imigrantes, aponta Machado, ainda está em
São Paulo, ligada à indústria têxtil, com maior concentração de trabalhadores
bolivianos, seguidos de paraguaios e peruanos. As estimativas de organizações
não governamentais paulistas apontam que 200 mil bolivianos estão em situação
irregular na cidade, boa parte em condição de trabalho análogo à de escravo.
Para o coordenador da OIT, as autoridades públicas têm acolhido os
trabalhadores, mas as medidas ainda são ineficientes e são poucas as políticas
e os programas existentes no Brasil. O maior problema, segundo ele, ainda é
identificar esses trabalhadores.
“O crime é invisível, porque a própria vítima estrangeira tem medo
de denunciar, por causa de sua irregularidade migratória. Temos de
conscientizar as vítimas de seus direitos, incentivá-las a denunciar essas
formas de exploração e prestar assistência”, disse.
Na opinião de Machado, a insegurança desses trabalhadores, que
temem a deportação, contribui para a dificuldade no combate a esse tipo de
crime. Em alguns casos foi detectada inclusive a presença de quadrilhas de
tráfico de pessoas, com casos documentados de ameaças e mesmo assassinato de
trabalhadores deportados.
Edição: Aécio Amado
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