Deslocamentos contemporâneos”.
Esse é o nome da jornada organizada pelo Comites BH – Comitê dos Italianos no
Exterior, e Istituto Biaggi – Psicoterapia, Psicoanalisi, Cultura e Arte Brasil
Italia. O evento, que será realizado nos dia 2 de março, no SESC Centro
Cultural JK, na Rua dos Caetés 603, no centro de Belo Horizonte, conta
também com o patrocínio da ACIBRA-MG, a Associação Cultural Ítalo-Brasileira de
Minas Gerais, da Seris – Serviços Técnicos industriais e o apoio das
Associações Emilia Romagna, Veneto, Toscana e Campania. Os temas tratados
estarão relacionados aos caminhos e descaminhos das migrações italianas no
Brasil. Isso porque, no dia 21 de fevereiro, comemora-se o Dia do Imigrante
Italiano, instituído pelo governo brasileiro para lembrar a significativa
realidade dos italianos que vivem no Brasil, uma das maiores comunidades de
estrangeiros no País.
A proposta da Jornada é abordar um ângulo ainda pouco refletido
a respeito do fenômeno da migração, o que diz respeito aos dramas identitários
e afetivos, que, cada vez mais, assumem uma dimensão desafiadora para quem
passou a morar longe da sua terra natal.
Está prevista uma rica programação, que vai de apresentações
musicais a palestras a respeito da condição de viver, como se diz, numa “Terra
de Ninguém, caracterizada pela ambivalência do encontro com o estrangeiro e “
do próprio estrangeiro que habita em nós”, como lembra a psicanalista e
psicóloga Maria Bernadete Biaggi, uma das organizadoras do evento.
O fio condutor das temáticas será a Fábula do Maestro Andersen
Viana, “A cigarra e a Orquestra”. Acontecerá o show “Io Sono Italiano”, do
musico viajante Andrea Zuin, criador do Projeto “Il Cammino della Musica”,
vencedor do prestigioso prêmio “Globo Tricolore 2012”.
Nadando Nu
“O desenraizamento convoca o individuo nas áreas mais primitivas
da formação da sua identidade e sua força de enfrentamento advém,
basicamente, da bagagem adquirida ao longo de toda a sua existência”, explica
Maria Bernadete. Ela cito Warry Buffet ” Quando a maré baixa, vê-se quem
estava nadando nu”.
Diz ainda que o corte/cesura da E/Imigração
comporta um impacto no psiquismo e a perda do contexto familiar e social
de origem onde os valores e aspectos identitários serão descentrados,
visitados por momentos de turbulência e reorganizados, torna-se um
importante fator na integração ou no sofrimento no individuo ou no grupo
social.
“Acolher o estrangeiro è entrar numa dimensão de hospitalidade,
num modo de interação onde se abre o lugar para o paradoxo, uma
vez que não trata-se de assimilar as diferenças mas de admiti-las, tolerá-las e
deixar fluir rumo à construção do “ENTRE”, da interlocução,
da coexistência e não do consenso. A condição para estar com o outro se da
justamente no reconhecimento das diferenças, que resultam na ampliação do
espaço psíquico e conseqüente movimento das relações intersubjetivas”, conclui
Maria Bernadete Biaggi.
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