quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Primeiro-ministro anuncia cortes de benefícios para imigrantes europeus

Um pacote de medidas anunciado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, deve causar polêmica na Europa. O governo do Reino Unido pretende cortar benefícios dos imigrantes de países europeus que, por força da legislação da Comunidade Europeia, hoje têm livre transito para entrar e sair do país. Segundo Cameron, novos imigrantes não poderão reivindicar, nos primeiros três meses de Reino Unido, a ajuda do governo a quem está procurando emprego. 
Depois deste prazo, o benefício, por exemplo, será concedido por no máximo seis meses, a não ser que a pessoa comprove que está perto de conseguir um trabalho fixo. O auxílio-moradia também não será concedido imediatamente a quem chegar no país. 
Além disso, o governo britânico poderá deportar o europeu que for pego pedindo esmola ou dormindo na rua -neste caso, o imigrante ficará um ano sem poder retornar ao Reino Unido. Cameron também vai quadruplicar a multa a empregadores que não pagarem a remuneração mínima exigida para este tipo de imigrante, que é de cerca de 20 mil libras por ano (algo em torno de R$ 75 mil). 
Críticos da política anti-imigração do governo britânico já começaram a se manifestar. Alegam, entre outras coisas, que os benefícios que os imigrantes, europeus e não europeus, levam à economia local são muito maiores do que os custos que geram para o Estado. O pacote foi divulgado ontem à noite e hoje virou o tema principal do noticiário local e da política britânica. 
O governo admite que as medidas foram anunciadas agora porque, a partir de 1º de janeiro de 2014, cidadãos da Bulgária e da Romênia, países que aderiram à Comunidade Europeia em 2007, poderão entrar no Reino Unido com os mesmos direitos dos outros 25 países do grupo -são 28 no total. 
Há uma expectativa de que cerca de 50 mil pessoas desses dois países vão para o Reino Unido por ano sob as novas regras. 
Com essas mudanças, o Partido Conservador espera transformar o país menos atrativo para quem quer tentar atravessar a fronteira em busca de um emprego. O premiê avalia que os cortes de benefícios não ferem a legislação comum da União Europeia. 
Segundo ele, Alemanha, Áustria e Holanda também têm demonstrado o mesmo tipo de preocupação. "Nós estamos mudando as regras para que ninguém venha para este país esperando obter benefícios imediatamente", afirmou o primeiro-ministro. 
Cameron aproveitou para defender alterações nas regras de livre trânsito criadas pela União Europeia. "Nós temos que enfrentar que esse livre trânsito transformou-se num gatilho para grandes movimentos entre a população, causando disparidades de renda", disse. 
Ele criticou ainda o Partido Trabalhista, que o antecedeu no governo, de ter aceito as condições de entrada de novos países na União Europeia em 2004 sem muita discussão.  

Diario do Sudeste

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