A Itália apelou nesta segunda-feira à União
Europeia para pressionar a Líbia a conter as quadrilhas de
contrabando de imigrantes da África em barcos superlotados e a evitar
naufrágios como o que matou centenas de pessoas no mês passado.
Mais de 360 pessoas morreram afogadas ao largo da costa
da Sicília em 3 de outubro. Os imigrantes, em sua maioria eritreus, haviam
partido da Líbia, onde contrabandistas os maltrataram e os fizeram pagar
milhares de dólares para serem levados à Europa.
"É preciso haver uma iniciativa da UE com a Líbia
para tentar gerir de forma diferente as patrulhas e os controles de
fronteira", disse o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, após uma
reunião com o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, em Valletta.
Os comentários de Letta foram feitos três dias após
investigadores da Sicília prenderem um homem por sequestro, extorsão e abuso de
alguns dos eritreus que sobreviveram ao naufrágio do mês passado.
As histórias de horror contadas aos promotores italianos
pelos imigrantes confirmaram os piores temores de grupos humanitários sobre as
condições na cada vez mais instável Líbia.
Dois anos após a derrubada do regime de Muammar Gaddafi,
as milícias rivais continuam disputando o poder e o primeiro-ministro foi
brevemente feito refém no mês passado.
"Nós devemos enviar uma forte mensagem de que
estamos lidando com seres humanos. Isto também significa combater as redes
criminosas de pessoas, contrabandistas", disse Muscat.
Itália, Malta e Grécia têm aguentado muito do impacto da
crise de imigração de duas décadas da UE e todos pediram mais apoio do bloco
europeu.
Na ausência de uma resposta coordenada da UE, a Itália
enviou navios de guerra, helicópteros e aviões não tripulados para tentar
evitar novas tragédias no mar.
Letta disse que a missão salvou centenas de vidas no mês
passado e pressionou os contrabandistas, que ele chamou de "mercadores da
morte".
Malta está se preparando para enviar um navio militar à
Líbia para ajudar a patrulhar a costa e evitar a partida de embarcações com
imigrantes, disse Muscat.
Letta afirmou que a abordagem de toda a UE para o
Mediterrâneo ao longo das últimas duas décadas foi equivocada e que a Itália
irá pressionar por uma revisão das políticas do bloco, formado por 28 países,
quando assumir a Presidência rotativa no próximo ano.
"Precisamos de uma nova política europeia para
África e Oriente Médio", disse Letta.
Exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário