sábado, 12 de janeiro de 2013

Uma Igreja que se confirma migrante com os migrantes


Por ocasião da 99º Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013 que celebraremos no  dia 13 de Janeiro, quero sublinhar alguns elementos importantes especialmente para nós, missionários scalabrinianos, que há 125 anos nos colocámos ao serviço de tantos homens e mulheres que vivem a experiência da migração.
Como foi recordado recentemente na conferência de imprensa promovida pela Fundação Migrantes da CEI (Conferência Episcopal Italiana), os cristão, e sobretudo nós que somos missionários para os migrantes, fazemos parte da «Igreja que caminha com os homens»: este ponto assente emerge com a mesma clareza, mesmo após 50 anos, na encíclica Gaudium et spes do Concílio Vaticano II, que o Papa Bento XVI cita na sua mensagem por ocasião do evento deste domingo.
Uma tal proximidade da Igreja, que é pela sua natureza Mãe da humanidade, traduz-se no empenho concreto de «transformar o caminho do desespero de tantas pessoas – actualmente, as estimas da ONU calculam 214 milhões de migrantes no mundo, dos quais cerca de 160 milhões são migrantes económicos e 60 milhões são refugiados e prófugos – num caminho de esperança é um empenho, um desafio educativo para as nossas comunidades civis e religiosas, se não queremos que este caminho de desespero resulte num novo conflito social», como foi recordado pelo Mons. Giancarlo Perego, director da Fundação Migrantes da CEI.
Os temas ligados à migração são muitos e, infelizmente, a maior parte permanece ainda sem discussão ou resolução: o direito ao trabalho e à cidadania, as numerosas discriminações e também a influência da actual crise económica no complexo fenómeno da mobilidade humana. Aquilo que me parece cada vez mais evidente, olhando o futuro e as novas gerações, é a passagem necessária, em vários países entre os quais a Itália, do conceito de jus sanguinis àquele de jus solis, um facto não apenas jurídico, mas substancial já que permitiria a 650 mil menores de idade, nascidos em Itália de pais estrangeiros, de viver como cidadãos de pleno direito e não como equilibristas no fio da própria identidade. Chegou o tempo de trabalhar juntos, Igreja e instituições, cada qual no seu âmbito específico, para que este reconhecimento seja visto por todos na óptica de uma sempre maior integração e acolhimento verdadeiro da humanidade migrante.
A minha é apenas mais uma voz que se une às de tantos bispos, que em vista da 99º Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, recordam que «a imigração não é um problema simples: evoca paixões e debates sobre a segurança nacional, económica, legal e social. No entanto, também é verdade que – tal como evidencia o presidente da FundaçãoMigrantes, Mons. Paolo Schiavon – ela abrange também a dignidade fundamental e a vida da pessoa».
Desejo a todas as comunidades scalabrinianas espalhas pelo mundo de celebrar, embora com formas e tempos distintos, esta Jornada que a Igreja escolheu dedicar, há quase um século, aos migrantes de todo o mundo. O bem-aventurado fundador, Mons. João Baptista Scalabrini, pai dos migrantes, apoie e multiplique os nossos passos ao lado da humanidade em caminho.
Roma, 10 janeiro 2013                                                                                                                 Pe. Alessandro Gazzola, cs
                                                                                                                                                             Superior Geral

Nenhum comentário:

Postar um comentário