A Agência da ONU para Refugiados divulgou nesta terça-feira que,
até 15 de janeiro, quase 640 mil sírios foram registrados como refugiados no
Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Norte da África. Este total é dez vezes
superior a maio de 2012.
Com base
nas tendências recentes de deslocamento provocado pelo conflito na Síria, a
agência estima que estes países abrigarão mais de um milhão de refugiados até o
final de junho deste ano.
O ACNUR
ampliou significativamente o trabalho de registro e de assistência aos
refugiados, além de acompanhar de perto o crescente número de pessoas que
diariamente cruza as fronteiras dos países da região.
Há menos de
um mês da entrada em vigor do Plano de Resposta Regional para 2013, o ACNUR e
seus parceiros preveem que o programa de registros ampliado e assitência
financeira emergencial aos refugiados custarão mais de US$ 1 bilhão.
No entando,
segundo disse nesta terça-feira o porta-voz do ACNUR em Genebra, Adrian
Edwards, a agência arrecadou apenas 18% dos recursos necessários. “A menos que
os fundos venham rapidamente, milhares de sírios em situação de vulnerabilidade
não terão a assistência que necessitam”, disse ele.
Revendo a
situação atual nos países vizinhos à Síria, o porta-voz informou que o ACNUR no
Líbano está registrando uma média de 1,5 mil refugiados por dia em quatro
centros espalhados pelo país, e está aumentando sua capacidade para atender a
demanda crescente. Na última quarta, foram quase 1,8 mil pessoas registras, o
recorde diário desde o início da resposta ao conflito.
Para
atender às crescentes necessidades dos refugiados, o ACNUR abriu um novo posto
de registro no Vale do Bekaa e abrirá outro em Tiro nos próximos meses.
“Estamos indentifcando áreas em Beirute onde podemos expandir os registros”,
afirmou Edwards. Ele disse ainda que “estes esforços reduzirão o tempo de
espera para a obtenção do registro, que hoje é de aproximadamente dois meses”.
Em conjunto
com autoridades libanesas, o ACNUR está identificando dois locais para
estabelecer centros de trânsito que acomodarão os refugiados até que possam ser
transferidos para um local mais adequado. O objetivo é garantir que os
recém-chegados estejam seguros e abrigados do inverno.
O ACNUR
planeja ainda expandir a assistência financeira para 18 mil pessoas até junho.
As famílias mais vulneráveis receberão em média US$ 240 por mês para subsidiar
o aluguel e custos de vida. A ajuda financeira permitirá aos refugiados
encontrar acomodações, adquirir roupas e itens domésticos, o que contribuirá
para aquecer a economia libanesa.
Está
previsto para esta terça-feira, na Jordânia, um exercício para acelerar os
procedimentos de registro e dar conta de 1,4 mil processos por dia no centro de
registros de Amman. Esse número deverá aumentar assim que entrar em funcionamento
o centro de Irbid, no norte da Jordânia. O objetivo é concluir 50 mil processos
até o fim de fevereiro.
Ainda na
Jordânia, o campo de Za’atri teve um aumento expressivo de recém-chegados, com
8.821 pessoas cruzando a fronteira nos últimos cinco dias. “Ao contrário do que
vinha acontecendo, os refugiados não somente estão chegando à noite, mas também
durante o dia”, disse Edwards.
Cerca de
7,7 mil famílias (30 mil pessoas) na Jordânia recebem ajuda financeira, mas em
razão da redução nos fundos, o ACNUR não pode assistir o total de 8.523
famílias que precisam do recurso. Com 80% dos refugiados sírios vivendo em
comunidades urbanas, a ajuda financeira permite que as mais vulneráveis possam
custear seus gastos básicos, como aluguel.
O ACNUR
também ampliou o registro de refugiados in
loco, com quase 11 mil visitas domiciliares realizadas pelas equipes de
campo do ACNUR e do Auxílio e Desenvolvimento Internacional na Jordânia desde
abril do ano passado. “As visitas nos ajudaram a alcançar os mais vulneráveis,
incluindo os refugiados idosos e com necessidades médicas, além de mulheres
chefes de família”, disse Edwards.
A realidade
da maioria dos refugiados urbanos é cada vez mais difícil. Muitos estão vivendo
em péssimas condições dentro de sótãos e porões. Outros estão sobrevivendo
graças à generosidade dos vizinhos jordanianos, que têm recursos limitados até
para si mesmos.
No Iraque,
mais da metade dos 73.150 refugiados sírios registrados vive nos campos, e 35%
moram em áreas urbanas. O ACNUR e seus parceiros, incluindo autoridades,
driblam o inverno aumentando a distribuição de coberturas plásticas, colchões,
querosene, fogões, aquecedores, cobertores de lã e colchas. Outras iniciativas
incluíram a troca de tendas leves por outras mais resistentes.
Na Turquia,
o ACNUR já enviou 18,5 mil tendas adaptadas para o Crescente Vermelho Turco. De
acordo com o governo do país, há 156.801 refugiados hospedados em 15 campos em
sete províncias.
O governo
forneceu tratamento médico e educação gratuita para os refugiados sírios.
Desde que a crise estourou, em 2011, o governo turco realizou mais de 600 mil
atendimentos de saúde para os refugiados nas clínicas do país.
Enquanto
isso, as análises dos registros de quase 280 mil refugiados sírios realizadas
pelo ACNUR na Jordânia, Líbano, Iraque e Egito, mostram que mais da metade da
população é constituída por crianças, 39% têm menos de 11 anos. Uma em cada
cinco famílias é chefiadas por mulheres. Cerca de 90% dos refugiados sírios
chegaram a estes países em 2012.
Por: ACNUR
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