“Os fluxos migratórios são
“um fenômeno impressionante pela quantidade de pessoas envolvidas, pelas
problemáticas sociais, econômicas, políticas, culturais e religiosas que
levanta, pelos desafios dramáticos que coloca à comunidade nacional e
internacional” (Caritas in Veritate-nº61
É preciso ter consciência
de que se trata de pessoas humanas, que, aliás, possuem direitos fundamentais
inalienáveis que devem ser respeitados em qualquer circunstância. Segundo Bento
XVI, faz-se necessário levar em consideração uma atenção especial por esse
fenômeno na Nova Evangelização, até porque, as pessoas que migram sempre têm
diante de si a escolha de sair de seu enraizamento, cultural, social,
religioso, pois, buscam algo melhor que lhes ajudem a viver com mais dignidade.
Nesse “Ano da Fé” o Papa dedicou o ano 2013 para uma “Jornada Mundial do
Migrante e do Refugiado”. Frente a uma crise geral de toda a sociedade civil, a
desestruturação dos elementos que poderiam dar certa segurança aos itinerantes,
nada é mais importante que tenham um suporte que lhes deem rumo e um futuro. É
a partir da evangelização eclesial nesse “Ano da Fé”, que toda a Igreja tenha
que se voltar a esse povo, para assegurar uma referência a todos que buscam
algo melhor para as suas vidas. “Fé e esperança formam um binômio indivisível
no coração de muitos migrantes, dado que neles existe frequentemente unido ao
intento de ultrapassar o “desespero” de um futuro impossível de construir”
(L’Osservatore Romano- de novembro de 2012 – nº44 – p.2). E o texto continua:
“Muitos se colocam a caminho animados por uma profunda confiança de que Deus
não abandona as suas criaturas e de que tal conforto torna mais suportável as
feridas do desenraizamento e da separação, talvez com a recôndita esperança de
um futuro regresso à terra de origem. Por isso, fé e esperança enchem muitas
vezes a bagagem daqueles que emigram”(ibidem).
A globalização tem forçado nos últimos tempos o deslocamento de grupos
humanos em busca de melhor qualidade de vida
Muitos desses deslocamentos de grandes contingentes de pessoas têm trazido para
os mesmos, pobreza, dramas, mortes e tragédias. Por outro lado, vemos que
grupos alhures, têm encontrado respostas mais adequadas, graças à generosidade
de muitas pessoas pertencentes a grupos de apoio, associações de voluntariado e
movimentos, em colaboração com organismos da própria Igreja, das paróquias,
dioceses e pessoas de boa vontade o apoio necessário. O papa ao abordar tal
assunto não deixa de citar o lado positivo. Exemplo: “As potencialidades de bem
e os recursos de que as migrações são portadoras, e, nessa direção, ganham
corpo as intervenções que favorecem e acompanham uma inserção integral dos
migrantes, requerentes de asilo e refugiados no novo contexto sociocultural,
sem descuidar a dimensão religiosa, essencial para a vida de cada
pessoa”(ibidem). A essa altura Bento XVI, frisa muito bem qual a missão da
Igreja diante desse fenômeno, que tem sido uma constante na atual sociedade. O
planeta vive uma situação de contínua transformação em todos os níveis, aliás,
isso exige também da parte da Nova Evangelização uma apurada percepção, já que
há um emaranhado de culturas e etnias que deixaram para trás seu mundo
tranquilo, e arriscaram caminhar rumo ao desconhecido, com a esperança de
encontrar um mundo novo, fraterno e de paz para edificar seu lar com mais
segurança. A busca do sentido, que com certeza, está em primeiro lugar.
O fenômeno da migração exige da nova evangelização uma visão ampla sobre o
ecumenismo
A Igreja em seu processo de evangelização terá que atuar com uma visão ampla em
todas as dimensões destes grupos humanos, provenientes de todas as partes do
mundo. Afinal entra em questão, a etnia, a cultura, a língua, a religião, o
folclore, os costumes, que enfim nos exige uma visão planetária e plural,
embora sem que tenhamos que perder o essencial da fé cristã, ou seja, o “Amor
ao próximo e a Vida”, e o respeito pela dignidade de qualquer ser humano sem
levar em conta o diferente. Sempre corremos o risco de confundir cultura, com
aquilo que é “essência” da fé cristã. Esse foi um erro do passado e deve ser evitado
em pleno século XXI. “Visto de que os fiéis cristãos provêm de várias partes do
mundo, a solicitude pela dimensão religiosa
engloba também o diálogo ecumênico e a atenção às novas comunidades; ao passo
que, para os fiéis católicos, se traduz, entre outras coisas, na criação de
novas estruturas pastorais e na valorização dos diversos ritos, até chegar à
plena participação na vida da comunidade eclesial local”. (Carta Ap. Porta
Fidei – nº6). E continua o texto: “A promoção humana caminha lado a lado com a
comunhão espiritual, que abre os caminhos a uma autêntica e renovada conversão
ao Senhor, único Salvador do mundo” (ibidem). Fica claro de que aqueles que
emigram, sonham em reconstruir com esperança e coragem a vida num país
estrangeiro, ou até dentro de seu próprio país. O papel da Igreja, de acordo
com Bento XVI, está na pastoral da acolhida, da ajuda solidária nas
contrariedades da caminhada que são inevitáveis, e sintam na Igreja uma
referência para as novas comunidades, completamente diversificadas cultural,
social, econômica e religiosamente. Que a presença da Igreja nesse novo
contexto seja para os migrantes o sinal da presença de Deus. Pense e reflita!
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