quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Schengen agrava a doença da União Europeia?


A crise contínua na Europa pode não ter apenas conseqüências econômicas. Devido à instabilidade e desconfiança mútua, os países podem reforçar o regime de imigração. A reunião de Ministros do Interior dos países-membros da União Europeia em Bruxelas mostrou a posição da UE quanto a esta questão, diz o observador Petr Iskenderov.

O problema do funcionamento do espaço de livre circulação e a estabilidade na zona do euro estão muito mais intimamente relacionados do que parece à primeira vista. Como bem lembra o jornal francês Le Figaro na sombra dos debates da cimeira ficou um documento que permite a Bruxelas impor sanções duras aos infratores da disciplina não só orçamentária, mas também de imigração. E, embora as fontes da Comissão Europeia digam que o desenvolvimento do projeto de lei foi provocado pela Grécia, que ostensivamente se tornou um trampolim para a Europa para os imigrantes ilegais, nenhum dos estados da zona Schengen está seguro contra as novas sanções.

É sintomático que a comissária europeia para os Assuntos Internos, Cecilia Malmström, se tenha manifestado contra medidas restritivas na esfera da imigração. Ela exortou a recusar soluções nacionais para combater a imigração ilegal e, antes pelo contrário, tornar schengen mais europeu.

Eis um comentário da especialista em política comparada, Elena Ponomareva:

Os valores próprios deverão ser protegidos. Eles precisam de ser reconhecidos. Se não vamos lutar por nós mesmos – então quem vai lutar por nós? Atualmente, os cidadãos dos países-membros da UE estão experimentando diferentes maneiras de ganhar o respeito pelos seus próprios valores. Alguns votam a favor dos partidos da direita, outros participam em manifestações de protesto, e os governos nacionais não podem ignorá-lo. O agravamento da legislação Schengen é uma das medidas de defesa dos europeus diante da invasão descontrolada.

Fontes na UE salientam que o aperto da política de imigração, incluindo o direito de alguns países de restaurar o controle de fronteiras e punir os violadores, são defendidos pela Alemanha e França, incluindo o presidente francês Nicolas Sarkozy pessoalmente. Considerando que estes dois países estão destinados a ser a base de uma nova união fiscal na UE, a sua opinião certamente terá mais peso do que as palavras de Cecilia Malmström.

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