terça-feira, 20 de dezembro de 2011

EUA pode ter centro de tecnologia no mar para driblar imigração


Uma startup americana desenvolveu um projeto que pretende driblar as rígidas leis de imigração dos Estados Unidos: a criação de uma incubadora de alta tecnologia em alto-mar. O projeto da Blueseed pretende construir um centro de pesquisa em um navio em águas internacionais próximas à costa da Califórnia. Segundo a empresa, a burocracia americana está impedindo que empresários criativos de todo o mundo tenham a chance de trabalhar no Vale do Silício e desenvolver tecnologias que poderiam criar empregos e impulsionar a economia do país.
A companhia divulgou na terça-feira maquetes detalhadas de como funcionaria a incubadora flutuante, que permitiria que empreendedores estrangeiros trabalhassem próximos ao Vale do Silício - região do estado da Califórnia onde estão situadas inúmeras empresas de tecnologia como Google, Apple e Intel - sem precisar se preocupar com vistos de trabalho para entrar nos Estados Unidos. O projeto já passou da fase da ideia e recebeu investimentos de empresas de capital de risco e do fundador do PayPal, Peter Thiel.
Um advogado de imigração afirmou à revista Wired que, legalmente, o projeto é válido, e o imigrante precisaria somente de um visto de turista - normalmente válido por 10 anos -, para trabalhar em águas internacionais (regidas não pela lei americana, mas por acordos marítimos) e poder desembarcar em terra, no Vale do Silício, quantas vezes quisesse.
O projeto prevê acomodoções, áreas de trabalho e "conveniências da vida moderna", segundo informações do site da empresa. A companhia estima que o navio-escritório seja inaugurado no terceiro trimestre de 2013, em um ambiente tão moderno que deverá ser chamado de "Googleplex do Mar".
Em entrevista à revista Wired, os criadores da empresa, o CIO Dan Dascalescu, o CEO Max Marty e o presidente Dario Mutabdzija, detalharam o projeto e como resolverão alguns problemas de estrutura para fazer funcionar um complexo tecnológico em alto-mar. Uma das dificuldades é básica: como fazer a internet chegar de forma eficiente e barata ao navio, já que as opções disponíveis hoje - conexão via satélite ou até mesmo a construção de um cabo submarino da terra à plataforma, por exemplo - têm valores proibitivos, segundo eles.
Como toda incubadora, a empresa ganharia uma participação nas startups instaladas no local. Os valores, segundo os executivos da Blueseed, irão variar caso a caso, ficando em torno de 3% a 9%. Os empreendedores não temem que a aprovação de leis pelo Congresso americano que possam relaxar as regras de imigração sejam um risco ao negócio. "Há a Lei de Visto para Startup, que nós apoiamos, mas não tem tido progresso. Se o Congresso aprovar essa lei, seria um sucesso", afirmou à Wired o CIO da empresa. "O projeto de lei tem inúmeras exigências. Mesmo que seja adotado, ainda acreditamos que haveria um mercado para Blueseed", afirma o presidente da companhia.
A ideia dos executivos é que as empresas, ao crescerem dentro da incubadora, devem criar os recursos necessários para se instalarem em terra. "Nosso trabalho é a ajudá-los a superar nossas instalações", afirmou Dascalescu à revista americana.

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