Em busca de oportunidades, cerca de duas mil pessoas já entraram no país desde a catástrofe, em 2010
Após liderar a missão militar da ONU no Haiti, o Brasil virou sonho de vida melhor para haitianos flagelados pelo terremoto que matou mais de 200 mil pessoas no país caribenho em 2010. Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), desde a tragédia aproximadamente duas mil pessoas que desejam se estabelecer em solo brasileiro já cruzaram fronteiras, muitos em busca de oportunidades de trabalho em obras para a Copa e as Olimpíadas.
A jornada dos haitianos até o Brasil pode durar até um mês e custar cerca de US$ 2,5 mil, entre passagens de avião, barco e ônibus, além de cotas para atravessadores ilegais de imigrantes, os ‘coiotes’. Alguns trechos chegam a ser percorridos a pé. A maioria dos imigrantes é de homens com idades entre 20 e 40 anos, mas já chegaram ao País algumas grávidas e até mesmo crianças.
Apesar da dureza do caminho, os imigrantes consideram que a viagem vale a pena, já que a taxa de desemprego no Haiti chegou a 80%.
“O desastre destruiu meu país. Eu e muitos haitianos escolhemos o Brasil por causa da Copa de 2014. Sabemos que vão precisar de trabalhadores”, contou o haitiano Esdras Hectos, 27 anos, ao jornal britânico ‘The Guardian’.
Segundo o Acnur, assim que chegam ao Brasil, muitos haitianos solicitam status de refugiado, mesmo sem ter chance de recebê-lo, porque ser vítima de desastres naturais não é um dos critérios para obtê-lo. Ainda assim, os imigrantes conseguem entrar no País com o protocolo de solicitação de refúgio.
A solução do Conselho Nacional de Imigração tem sido conceder vistos humanitários. Até o momento, de todos os haitianos que se tem notícia que chegaram ao Brasil, apenas 250 já conseguiram legalizar a sua situação.
Uma vez no Brasil, destino é Manaus
Depois de atravessar a fronteira, muitos haitianos não têm condições de se manter no Brasil e são auxiliados por instituições ligadas à Igreja Católica. O destino de vários é Manaus, onde os recém-chegados são mantidos em alojamentos organizados pela Paróquia de São Geraldo. Já estariam na capital do Amazonas cerca de 800 haitianos.
Segundo o Comitê Nacional para Refugiados, o Brasil tem hoje cerca de 4,5 mil refugiados. Desses, 64,5% vêm da África, 22,4% de outros países da América e 10,6% da Ásia.
Angola, Colômbia, República Democrática do Congo, Libéria e Iraque são os países com maior representatividade entre os refugiados.
A região Amazônica abriga, ao todo, cerca de 140 imigrantes que conseguiram o status de refugiados, a maioria bolivianos.
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