segunda-feira, 20 de junho de 2011
Durante o Dia Mundial do Refugiado, ACNUR faz apelo em nome dos deslocados
– Enquanto milhões de pessoas ao redor do globo lembravam a importância do Dia Mundial do Refugiado no domingo, o chefe do ACNUR, António Guterres, pediu que a comunidade internacional fizesse mais pelos deslocados.
O Alto Comissário fez seu apelo durante uma conferência de imprensa na Síria – transmitida ao vivo por uma conexão de vídeo –, onde se encontrara, mais cedo naquele dia, com o Presidente Bashar Assad e outros líderes. A Síria abriga cerca de um de milhão de refugiados, principalmente iraquianos, de acordo com o governo.
"Eu peço à comunidade internacional para que faça mais para abrigar os refugiados", disse Guterres, apenas dois dias depois do ACNUR anunciar que, desde 2007, 100.000 refugiados iraquianos foram reassentados do Oriente Médio para outros países, um marco importante para uma das maiores populações de refugiados do mundo.
Enquanto isso, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, também fez um apelo em favor dos refugiados em uma mensagem especial no Dia Mundial do Refugiado (DMR). "Os refugiados foram privados de seus lares, mas não devem ser privados de seus futuros", ele disse, ao exigir que se trabalhe com os governos que abrigam deslocados para prover serviços, e que se intensifiquem os esforços para solucionar conflitos, de modo que os refugiados possam retornar para suas casas.
"Sendo ‘Casa’ o tema global deste ano, o ACNUR e seus parceiros, inclusive governos, doadores, organizações não governamentais, embaixadores da boa vontade e os próprios refugiados, têm tomado parte, ao longo da última semana, em atividades conscientizadoras, culturais, educacionais, ambientais e esportivas, especialmente torneios de futebol, neste ano de Copa do Mundo na África do Sul.
Mensagens especiais de Guterres e da Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, Angelina Jolie – que se encontrou com refugiados colombianos no norte do Equador na semana passada – têm sido transmitidas ao redor do mundo. Na sexta-feira, Jolie, Guterres e a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, participaram ao vivo de um evento global, unindo quatro países.
E, seguindo a tradição, cartões-postais em todo o mundo estão sendo iluminados, incluindo, pela primeira vez, o elegante Edifício Empire State, há 79 anos em Nova York, bem como o Coliseu, em Roma, e a fonte Jet d'Eau, em Genebra.
No dia propriamente dito, a Nova Zelândia esteve entre os primeiros a lembrar o Dia Mundial do Refugiado, com uma cerimônia no Centro de Recepção de Refugiados de Mangere, em Auckland. O Ministro da Imigração, Jonathan Coleman, plantou uma árvore kaui, um tradicional símbolo de boa sorte. Um folheto especial sobre o programa de reassentamento da Nova Zelândia foi lançado durante a solenidade.
O escritório do ACNUR em Papua-Nova Guiné realizou um evento público e uma recepção em Porto Moresby, na noite de domingo. O destaque foi um intenso drama sobre as experiências dos refugiados, intitulado “Nosso Direito é Nosso Futuro", mas os convidados também puderam apreciar uma exposição de fotografia, assistir a um espetáculo de dança feito por refugiados de Papua Ocidental, admirar desenhos de crianças refugiadas e comprar produtos feitos por refugiados. O Ministro das Relações Exteriores, Sam Abal, foi o orador convidado.
Na China, a Expo Xangai 2010 foi o foco das atividades do DMR deste ano. Muito aplaudida e sob uma ofuscante enxurrada de flashes, a famosa atriz chinesa Yao Chen subiu a um palco na feira mundial, no domingo, para contar ao público chinês como os refugiados vivendo em cidades podem contribuir com os países que os abrigam, se lhes for permitido.
Ao exibir vídeos e fotos de uma visita recente às Filipinas para encontrar refugiados da África e do Oriente Médio, Yao Chen contou aos visitantes que sua viagem desfez a imagem que a maioria dos chineses tem dos refugiados, como se estes vivessem apenas em campos e fossem "pessoas com rostos finos e olhos temerosos". Giuseppe de Vincentis, o representante regional do ACNUR, entregou a Yao Chen uma placa nomeando-a patrona honorária do ACNUR para o próximo ano.
O evento principal do ACNUR na capital malaia de Kuala Lumpur literalmente parou o trânsito em KL Sentral, a maior estação ferroviária do sudeste da Ásia. Multidões vieram observar e participar das atividades, inclusive de uma simulação baseada em experiências de refugiados, em uma estrutura com formato de labirinto. Enquanto tentavam encontrar a saída, os visitantes enfrentaram as mesmas escolhas difíceis que os refugiados fugindo da perseguição ou violência.
O evento incluiu outras experiências realistas, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre como é a vida de um refugiado. Também houve um bazar de artesanato e apresentações culturais. Celebridades e artistas locais deram seu apoio ao evento.
Mas na região de Cox Bazar, no leste de Bangladesh, as atividades dominicais do DMR, planejadas para milhares de refugiados de Myanmar em campos vizinhos, foram adiadas em respeito às dezenas de pessoas mortas nas devastadoras enchentes da última semana.
No Paquistão, o ACNUR celebrou o domingo com o anúncio de que, neste ano, o número de refugiados afegãos repatriados voluntariamente no Paquistão já ultrapassou a marca de 70.000.
Ao norte, no Tadjiquistão, aproximadamente 400 refugiados e 100 convidados assistiram a uma cerimônia de premiação na capital, Dushanbe, dos vencedores de um programa de arte e redação para crianças tadjiques e refugiadas, sobre o tema "Casa". Os vencedores receberam laptops, câmeras e aparelhos de DVD, durante um evento que também contou com apresentações de dança e canto feitas por refugiados afegãos. A popular banda tadjique, "Parem", tocou ao fim da cerimônia.
Este ano, a Síria foi o foco das atividades do Dia Mundial do Refugiado no Oriente Médio, mas programas especiais também foram organizados em países como Líbano, Jordânia, Egito e Turquia, que abrigam refugiados.
O Alto Comissário Guterres teve uma agenda cheia no domingo. Além de se encontrar com o Presidente Assad, ele também visitou um centro do ACNUR no distrito de Douma, e participou de um dia de passe livre organizado por refugiados no antigo Palácio de Azem, um belíssimo edifício otomano, inaugurado em 1750, e que agora abriga um museu de arte e tradições populares.
O escritório do ACNUR no Iêmen, país que abriga uma grande população de refugiados somalis, inaugurou, no domingo, uma exposição de fotografias tiradas por crianças refugiadas no Museu Nacional, em Sana'a. O evento também incluiu um bazar de artesanato, discursos, espetáculos teatrais, música e dança, bem como uma leitura sobre o tema "Casa" feita pela aclamada poetisa iemenita Ibtissam Al Mutatwakel.
Os países da África marcaram o domingo com eventos especiais para o DMR, inclusive com diversas partidas de futebol, enquanto se aproximam as finais da Copa do Mundo, na África do Sul. O escritório do ACNUR em Pretória participou de um grande acontecimento no sábado, o Festival por um Mundo Melhor, para angariar apoio aos refugiados.
Em Kampala, no domingo, vários restaurantes prepararam cardápios especiais para o Dia Mundial do Refugiado e exibiram cartazes do ACNUR, doando os lucros para ajudar os deslocados. Uma eclética seleção de pratos estava em oferta no restaurante The Lawns, na capital ugandense, inclusive espetinhos de carne de avestruz, tilápias fritas, hambúrguer de carne de cordeiro, carne de porco agridoce, filé com pimenta e frango tailandês ao molho curry.
Houve dois grandes eventos no domingo do Dia Mundial do Refugiado em Ruanda. O principal ocorreu no campo de refugiados de Gihembe, mas o ACNUR também organizou atividades em Kigali para os refugiados urbanos.
Enquanto isso, na Europa, desfiles especiais com guarda-chuvas aconteceram, no domingo, em oito importantes cidades ao longo do continente, desde Londres até Lyon. No Reino Unido, centenas de pessoas segurando grandes guarda-chuvas brancos desfilaram pelo centro de Londres, para conscientizar as pessoas sobre os refugiados. Os guarda-chuvas brancos são um símbolo de abrigo e segurança.
Nesse meio tempo, o escritório do ACNUR em Montenegro recebia o público no domingo para uma exposição interativa chamada "Labirinto". Os visitantes da exposição, criada por estudantes de arte, são expostos a imagens mostrando diferentes fases da vida de refugiado. E na vizinha Kosovo, a ponte que cruza o Rio Ibar, no dividido povoado kosovar de Mitrovica, é iluminada em azul para marcar a importância do dia.
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, o Edifício Empire State, de estilo art déco, também seria iluminado em azul durante várias horas após o pôr do sol. "Estou encantado pelo Edifício Empire State ter saído em apoio ao Dia Mundial do Refugiado deste ano. O fato de um edifício tão conhecido ter concordado em deixar sua iluminação azul no dia 20 de junho, em honra às vítimas de violência e perseguição no mundo todo, é verdadeiramente comovente", disse Udo Janz, diretor do escritório do ACNUR em Nova York.
Enquanto isso, cerca de 7.500 dos onipresentes táxis amarelos de Nova York carregam mensagens especiais do ACNUR. Em Washington, DC, o ACNUR patrocina um concerto noturno da cantora Marta Gómez, no Centro Kennedy.
No Canadá, o ACNUR organiza um dia de concertos grátis, divertimento e um concurso de poesia como parte do Luminato, um festival anual de artes, cultura e criatividade que culmina no Dia Mundial do Refugiado.
Enquanto o sol se põe na Europa, atividades do DMR aconteciam ou estavam por começar no México, nas nações caribenhas e pela América do Sul, embora a maioria dos países tenha realizado seus principais eventos durante a semana passada.
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