Por Antonio Denti
Grupos de direitos humanos pediram a governos europeus neste domingo que digam onde um barco humanitário poderá atracar para permitir que 140 imigrantes resgatados no Mediterrâneo desembarquem em segurança.
O Aquarius, administrado pela instituição de caridade franco-alemã SOS Mediterrannee e a entidade Médicos sem Fronteiras (MSF), resgatou 141 pessoas em duas operações separadas na costa da Líbia, semana passada.
O barco havia começado a se dirigir ao norte, no domingo, em direção à Europa, quando a guarda costeira da Líbia chamou-o de volta para resgatar 10 imigrantes avistados a bordo de um pequeno barco.
Enquanto esse resgate acontecia, SOS Mediterranee e MSF pediram por orientações sobre aonde levar os que foram salvos.
“O mais importante é que os sobreviventes sejam levados a um lugar seguro sem demora, onde suas necessidades básicas sejam atendidas e onde possam estar protegidos de abusos”, disse Nick Romanluk, coordenador de busca resgate do SOS Mediterranee.
O Aquarius opera no centro do Mediterrâneo desde o começo de 2016 e afirma que já ajudou mais de 29 mil pessoas, muitas delas imigrantes africanos que, até o último verão europeu, eram levados rapidamente para a Itália, sem incidentes.
No entanto, quando um governo populista chegou ao poder em Roma, em junho, imediatamente fechou os portos para todos os barcos de ONGs, acusando-as de encorajar a imigração ilegal e ajudar contrabandistas de pessoas - acusações que as instituições de caridade negam.
Em junho, o Aquarius resgatou 629 imigrantes, inclusive crianças e sete mulheres grávidas, mas, primeira a Itália, e depois Malta, recusaram-se a permitir que ele atracasse em seus portos, provocando uma disputa no coração da União Europeia sobre políticas de imigração.
A Espanha eventualmente permitiu que o barco aportasse, mas não houve indicação do destino do Aquarius antes deste domingo. Malta imediatamente recusou acesso à embarcação, e a Itália disse no fim de semana que não o receberia em seus portos.
SOS Mediterranee e MSF acusaram a guarda costeira da Líbia, no domingo, de colocar vidas em perigo ao não informar o Aquarius que havia barcos próximos que estavam em perigo. As organizações também disseram que outros barcos da área aparentemente ignoraram imigrantes.
“Barcos podem não responder aos que precisam de ajuda por causa dos altos riscos de ficarem encalhados e sem um lugar seguro para se dirigirem”, disse Aloys Vimard, coordenador de projeto do MSF, a bordo do Aquarius.
“Políticas desenhadas para impedir pessoas de chegarem à Europa a todo o custo estão resultando em mais sofrimento e forçando os que já estão vulneráveis a correrem ainda mais riscos em busca de segurança.”
Mais de 650 mil imigrantes chegaram às costas da Itáliadesde 2014, mas o número de novas chegadas caíram no último ano, com Roma encorajando a guarda costeira da Líbia a realizar a maioria dos resgates.
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