Brasil vai participar, juntamente com a Colômbia, o Equador e o Peru,
numa reunião que começa nesta segunda-feira em Bogotá para procurar soluções
regionais para o êxodo de milhares de venezuelanos que fugiram da crise no seu
país.
Em comunicado, a agência de controlo migratório colombiana, Migración
Colombia, indicou que, nas "últimas horas", o Brasil "confirmou
a sua participação" na reunião, que decorrerá à porta-fechada até
terça-feira e na qual os quatro países tentarão encontrar "estratégias
conjuntas" para lidar com o enorme número de cidadãos venezuelanos que
diariamente atravessam as suas fronteiras. No final, as autoridades migratórias
dos quatro países divulgarão uma declaração da qual constará o acordado para gerir
a questão dos migrantes venezuelanos.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) advertiu na passada
sexta-feira que a fuga dos venezuelanos para os países vizinhos "pode
rapidamente transformar-se numa crise". "Vemos ondas de violência no
Brasil (contra venezuelanos na cidade fronteiriça de Pacaraima) e as medidas
restritivas de alguns Governos (com a exigência de passaportes para entrada no
Equador e no Peru) como o primeiro alerta de que uma situação difícil pode
muito rapidamente transformar-se numa situação de crise, e temos de estar
preparados", disse o porta-voz da OIM.
Entretanto, no sábado, a justiça equatoriana suspendeu a exigência de
passaportes aos migrantes venezuelanos, e, hoje, a Amnistia Internacional veio
instar o executivo peruano a recuar em relação a essa medida, aplicada desde
sábado nas fronteiras do país e que fez cair para menos de metade a entrada de
venezuelanos em território peruano.
Na semana passada, o diretor da Migración Colombia, Christian Krüger
Sarmiento, sublinhou que "o êxodo de cidadãos venezuelanos não é um
problema exclusivo da Colômbia, do Peru, do Equador, ou de um só país",
acrescentando que se trata de "um assunto regional" que como tal deve
ser abordado. O responsável salientou igualmente que os venezuelanos "não estão
a deixar o seu país por gosto, mas como consequência de uma série de políticas
de expulsão geradas por Nicolás Maduro".
Cerca de 35.000 venezuelanos atravessam diariamente a fronteira com a
Colômbia, alguns em busca de comida e medicamentos e outros para abandonar
definitivamente o seu país, e pelo menos um milhão de venezuelanos já se
instalou definitivamente na Colômbia.
O Peru é, a seguir à Colômbia, o segundo país que alberga mais migrantes
venezuelanos, com cerca de 400.000 chegados no último ano, segundo dados
oficiais de Migraciones de Perú, mas só cerca de 75.000 têm Autorização
Provisória de Permanência (APP), ao passo que outros 100.000 estão ainda à
espera de obtê-la.
No total, cerca de 2,3 milhões de habitantes fugiram da Venezuela por
causa da crise política, económica e social em que está mergulhado o país, de
acordo com os mais recentes números da ONU, que alertou para a grave falta de
alimentos e medicamentos com que se debate a população do país com as maiores
reservas de petróleo do mundo.
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