A fronteira do
Brasil com a Venezuela foi fechada na tarde desta segunda-feira (6), informou a
assessoria da Polícia Rodoviária Federal em Roraima. O bloqueio é para
venezuelanos e ocorre após decisão da Justiça Federal local suspender
entrada deles no Brasil pela fronteira.
O acesso só
está sendo restrito a venezuelanos que querem ingressar no país, informou a
PRF. O fechamento foi efetuado por volta das 17h e é feito pela Polícia
Federal, PRF, e agentes da Força Nacional de Segurança.
A passagem no local é permitida a venezuelanos que querem voltar para o
país e brasileiros ou outras pessoas que querem entrar em Pacaraima, que é a
cidade que faz fronteira com a Venezuela, onde ocorre o fechamento, detalhou a
PRF.
A suspensão do
ingresso e a admissão de imigrantes venezuelanos, que é o ingresso formal no
sistema fronteiriço, no Brasil foi determinada em decisão liminar do juiz
federal Helder Girão Barreto, da 1ª Vara da Federal.
De acordo o parecer, o impedimento se refere a entradas feitas pela
fronteira do país com o estado de Roraima e veta somente a venezuelanos,
sem abranger outras nacionalidades. A estimativa é que entrem 500 venezuelanos
por dia pela fronteira do estado e só no primeiro semestre deste ano foram
feitos mais de 16 mil pedidos de
refúgio no estado.
juiz
condicionou a suspensão da entrada de venezuelanos no Brasil até que se alcance
um equilíbrio numérico com o processo de interiorização, que é a ação do
governo federal que transfere imigrantes a outras partes do país, e que sejam
criadas condições para um acolhimento humanitário em Roraima.
A decisão foi
uma resposta à ação civil pública movida pelo MPF e a DPU contra o decreto estadual 25.681-E.
Dentre as medidas, o decreto exige passaporte válido para que venezuelanos
tenham acesso a serviços públicos estaduais - uma tentativa do governo de
Roraima de filtrar a demanda e evitar colapso. Na sexta, a AGU pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) que suspenda o decreto.
Um morador de Pacaraima relatou que o fechamento da fronteira é feito
por carros das forças de segurança que estão enfileirados do lado esquerdo da
pista, onde fica o monumento com as bandeiras dos dois países.
Decreto
estadual e veto a entrada de venezuelanos no país
No dia 1º, a
governadora Suely Campos (PP) assinou o decreto 25.681 limitando serviços a
estrangeiros sob a justificativa de que o fluxo migratório
de venezuelanos tem causado impactos em todos os setores do estado.
Entre as normas criadas pelo governo estão a restrição de atendimentos a
serviços públicos de pelo menos quatro secretarias (Saúde, Educação, Segurança, e
Trabalho e Bem Estar Social) somente a estrangeiros com
passaporte e deportação de imigrantes envolvidos em crimes.
Na tentativa de
barrar as exigências do governo de Roraima, o Ministério Público Federal (MPF)
e a Defensoria Pública da União (DPU) ingressaram na Justiça Federal local com
um pedido de suspensão do decreto.
A resposta a
ação foi dada nesse domingo (5) com a suspensão do ingresso e a admissão, que é
o ingresso formal no sistema fronteiriço, de imigrantes venezuelanos no Brasil.
A Advogacia
Geral da União também pediu suspensão do decreto ao STF, e após a decisão do
juiz, cobrou urgência uma resposta à
ministra Rosa Weber, relatora do caso.
O magistrado
determinou ainda a suspensão da exigência de passaporte válido para que
imigrantes tenham acesso a serviços públicos estaduais, possibilidade de
deportação ou expulsão de venezuelanos envolvidos em crimes e vacinação
compulsória de venezuelanos que já estejam no país.
Deveriam ser
intimados para dar cumprimento a decisão o governo do estado, as polícias
federal, militar, civil, as secretarias de Segurança Pública, Saúde e a Anvisa.
A imigração
venezuelana para Roraima começou
em 2015. Desde então, um número crescente de imigrantes que
fogem da crise no regime de Maduro tem entrado no estado pela fronteira de
Pacaraima, a 215 km de Boa Vista - alguns até mesmo a pé.
Atualmente, o
estado tem 10 abrigos públicos,
seis foram abertos só neste ano. Juntos, eles têm mais de 4 mil pessoas. Mesmo
assim, ainda há imigrantes em situação de rua em pelo menos 10 dos 15
municípios do estado.
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