Nova crise humanitária na Etiópia, 900 mil pessoas obrigadas a fugir por causa das violências étnicas. Médicos Sem Fronteiras trabalha para ajudar nas necessidades mais urgentes
Cidade do Vaticano
A população está fugindo ao longo da fronteira entre Gedeo e West Guji, duas regiões no sul da Etiópia. As condições de vida são preocupantes, pois o grande afluxo de deslocados faz com que os serviços sejam mais carentes e diminuam os recursos. É difícil encontrar abrigo, água e serviços higiênicos. Alguns deslocados foram acolhidos pelos centros dos Médicos Sem Fronteiras e nestas horas recebem os primeiros cuidados.
Fugiram às pressas
A coordenadora desta emergência no Médicos Sem Fronteiras, Alessandra Saibene explica: “A maior parte das pessoas fugiu às pressas sem levar nada consigo. Hoje as famílias dormem em edifícios abandonados, como escolas e igrejas, algumas vezes ao ar livre sobre folhas de bananeiras ou cobertas de plástico”. A prioridade é encontrar abrigo, bens de primeira necessidade, água potável, cuidados médicos e serviços higiênicos. "Superlotação, acesso limitado à água potável e latrinas insuficientes fazem aumentar o risco de doenças transmissíveis. Devemos intervir imediatamente para melhorar as condições de vida dessas pessoas, senão a situação vai piorar”, acrescentou Saibene.
A situação na Etiópia
A rede de televisão “Fana” repercutiu um relatório (14/08) publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que explica que a maioria dessas pessoas provêm das regiões sul e sudeste do país. Os dados mostraram que, no fim de 2017, quase 1 milhão de membros da etnia oromo, majoritária na região de Oromia (sul), tinham deixado a região devido a enfrentamentos com a etnia somali. Há apenas dois meses, outros 800 mil oromos deixaram a localidade de Guji, em Oromia, por lutas com o grupo étnico gedeo.
Violência étnica
A violência entre as etnias é um fenômeno comum nas regiões do sul da Etiópia. As tensões explodiram em abril, a 400 km ao sul da capital Adis Abeba. Centenas de milhares de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas. Enquanto que os líderes locais encorajavam as pessoas a voltarem às suas casas depois dos enfrentamentos iniciais, mas a partir de junho muitos fugiram pois os combates aumentaram. A situação continua crítica apesar da intervenção do exército etíope.
Os deslocados
A maior parte dos pacientes que recebe assistência nas estruturas médicas do MSF sofre de disenteria, parasitas, infecções no aparelho respiratório e na pele, todas consequências da pobreza, superpopulação e ausência de água potável. Com a aproximação do inverno e da estação das chuvas, as condições podem piorar, com graves consequências para a saúde.
A falta de recursos
Mesmo antes da crise, esta região era uma das mais populosas do país. O grande afluxo de deslocados torna a situação ainda mais crítica diminuindo os recursos disponíveis e serviços públicos.
Apesar da intervenção do governo para garantir os cuidados médicos, comida e primeiros socorros, as condições de vida dos deslocados ainda é grave pela falta de recursos.
“Durante o período das chuvas – explica Saibene – quase todos as reservas de alimentos das famílias acabam, por isso é necessária a distribuição de comida para evitar a desnutrição. É fundamental uma resposta rápida e continuada das autoridade locais e por parte das organizações não governamentais, além de uma ininterrupta contribuição dos doadores”.
Radio Vaticano
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