Praça Capitão Clóvis deve ser fechada nesta quarta (4). Prefeita disse que não irá permitir acampamentos em espaços públicos (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)
A prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), afirmou nesta terça-feira (3) que todos os venezuelanos que vivem em praças públicas da capital serão retirados dos locais e encaminhados para abrigos.
“Nós não vamos deixar que haja nenhuma barraca colocada em espaço público”, disse Teresa.
Os imigrantes que vivem nos locais serão encaminhados para abrigos da capital, conforme a disponibilidade de espaço. Não há estimativa de quantos imigrantes vivem em situação de rua na cidade.
Desde o sábado (31) a prefeitura cercou a praça Simón Bolívar com tapumes e está controlando a entrada e saída no local. Nesta quarta-feira (4), a mesma ação será realizada na praça Capitão Clóvis, conforme o município.
A medida foi tomada, de acordo com a prefeita, porque carros que passavam pela praça atiravam pedras nos imigrantes, em razão do perigo de atropelamento, casos de violência e embriaguez, e para dar melhores condições de vida aos moradores.
Novos venezuelanos que quiserem se instalar nas praças serão orientados a procurar um do abrigos da capital.
Desde 2015 Roraima recebe um número crescente de venezuelanos que fogem da crise econômica e política vivida no regime de Nicolás Maduro. Nos últimos três anos, mais de 20 mil pediram refúgio à Polícia Federal. Se estima que pelo menos 450 imigrantes cruzem todos os dias a fronteira do país. Só na capital Boa Vista há 40 mil, segundo a prefeitura.
Teresa afirmou que após a retirada dos imigrantes, a praça Simón Bolívar passará por uma manutenção. Já a Capitão Clóvis será reformada. A obra irá custar R$ 2.830.019,00 segundo o Portal da Transparência.
O Exército Brasileiro informou que um novo abrigo começou a funcionar nesta terça em Boa Vista. Ele está localizado no bairro São Vicente, na zona Sul da cidade.
Este é o quinto abrigo na capital e o sexto a ser inaugurado no estado. A previsão é que um sétimo seja aberto em breve no bairro 13 de Setembro, zona Sul. Cada espaço deve abrigar cerca de 500 pessoas.
O general do Exército Eduardo Pazuello, coordenador da Força-Tarefa Humanitária do Governo Federal em Roraima, afirmou também que o abrigo do Tancredo Neves, onde 750 pessoas vivem em condições precárias, passará por uma reforma nesta quarta.
As medidas apresentados nesta quarta são resultado do trabalhado da força-tarefa criada pelo presidente Michel Temer (MDB) em fevereiro.
Controle, vacinação e interiorização
Conforme a prefeitura, na praça Simón Bolívar já foi realizada a vacinação dos imigrantes e a checagem de documentação. Além disso, foram cadastrados os venezuelanos que tem interesse em seguir para outros estados.
De acordo com Teresa, dos 937 moradores da Simón Bolívar, 70% tem interesse na interiorização. Entretanto, só poderá ser movido de Roraima quem estiver com a vacinação em dia e vivendo em algum dos abrigos.
“A Capitão Clóvis começa a ser cercada amanhã [quarta]. Todo mundo começa a ser identificado, vacinado, ver se a documentação está em dia, fazer o levantamento de quem quer ser interiorizado”, disse.
Inicialmente, segundo o Exército, 300 imigrantes venezuelanos devem ser levados a outros estados do Brasil. O trabalho está previsto para começar nesta quinta (5).
Triagem na fronteira
O general do Exército Eduardo Pazuello informou que até o final de abril uma estrutura será montada em Pacaraima, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, para receber os imigrantes. Serão colocados na fronteira:
- Um posto de identificação e recepção
- Um posto de triagem
- Um posto de atendimento avançado
Segundo Pazuello, a triagem será composta por oito salas. Lá será realizada a vacinação dos imigrantes que entram no país, avaliação de perfil, de documentação e o atendimento da Polícia Federal.
O posto de atendimento avançado, que é módulo de hospital de campanha, irá servir para atendimentos de emergência e para o isolamento de pessoas que precisem ficar em observação. Os espaços serão montados em tendas e contêineres.
O Exército trabalha com os R$ 190 milhões liberados pelo Governo Federal para atender a crise humanitária.
G1
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