Papa Francisco propõe hoje sua nova exortação apostólica, ‘Gaudete et Exsultate’, rejeitando a ideia de santidade dissociada da atenção a quem sofre e prescindindo do reconhecimento real da dignidade de todo o ser humano. “Não podemos nos propor um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo em que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente”, afirmou o Papa Francisco. Ele sustentou ainda que a “única atitude condigna” dos cristãos perante a crise dos refugiados “é colocar-se na pele do irmão que arrisca a vida para dar um futuro aos seus filhos”.
A seguir, na integra, as duas referências explícitas aos migrantes, nos números 102 e 103.
102. Muitas vezes ouve-se dizer que, face ao relativismo e aos limites do mundo atual, seria um tema marginal, por exemplo, a situação dos migrantes. Alguns católicos afirmam que é um tema secundário relativamente aos temas “sérios” da bioética. Que fale assim um político preocupado com os seus sucessos, talvez se possa chegar a compreender; mas não um cristão, cuja única atitude condigna é colocar-se na pele do irmão que arrisca a vida para dar um futuro aos seus filhos. Poderemos nós reconhecer que é precisamente isto o que nos exige Jesus quando diz que a Ele mesmo recebemos em cada forasteiro (cf. Mt 25, 35)? São Bento assumira-o sem reservas e, embora isto pudesse “complicar” a vida dos monges, estabeleceu que todos os hóspedes que se apresentassem no mosteiro fossem acolhidos “como Cristo”, manifestando-o mesmo com gestos de adoração,[86] e que os pobres e peregrinos fossem tratados “com o máximo cuidado e solicitude”.
103. Algo de semelhante propõe o Antigo Testamento, quando diz: “não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egito” (Ex 22, 20). “O estrangeiro que reside convosco será tratado como um dos vossos compatriotas e amá-lo-ás como a ti mesmo, porque fostes estrangeiros na terra do Egito” (Lv 19, 34). Por isso, não se trata da invenção de um Papa nem dum delírio passageiro. Também nós, no contexto atual, somos chamados a viver o caminho de iluminação espiritual que nos apresentava o profeta Isaías quando, interrogando-se sobre o que agrada a Deus, respondia: é “repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora” (58, 7-8).
Missão Paz São Paulo
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