sexta-feira, 6 de abril de 2018

Migrações: António Vitorino defende importância de educação nos países de origem e destino


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O candidato português à Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, defendeu hoje a importância de garantir a educação dos migrantes nos países de origem e de acolhimento, lamentando a falta de "vontade política" e de "confiança mútua".

"Todos reconhecem que não precisamos de mais declarações, precisamos de ação", sustentou o antigo comissário europeu, que concorre ao cargo de diretor-geral da OIM, numa intervenção numa conferência internacional sobre "Educação Superior em situações de emergência", a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Na resposta ao problema das migrações, faltam, sustentou, mais que dinheiro, "vontade política" e "confiança mútua" -- "duas coisas difíceis de encontrar nos dias de hoje na comunidade internacional", comentou.

António Vitorino identificou a educação como um elemento-chave, defendendo o investimento no ensino nos países de origem de migrantes como uma "ferramenta importante" para manter as pessoas nas suas terras, "porque dá autoconfiança e reforça a resiliência da sociedade".

Mas, considerou, "para aqueles que decidem migrar, como uma escolha voluntária e não uma opção formada, se eles estiveram mais bem preparados do ponto de vista da educação, têm mais hipóteses de serem bem-sucedidos nos países para onde vão".

Para tal, lembrou, é necessária uma colaboração "muito próxima" entre países de origem e de destino na aplicação de programas educativos e no reconhecimento de qualificações académicas, algo que disse não se verificar atualmente, constituindo "um obstáculo".

Além disso, o antigo comissário europeu referiu o elevado crescimento da população em África, considerando que dificilmente as economias africanas terão capacidade de assegurar empregos para todos os jovens que chegam à idade de trabalhar nos próximos anos.

"Temos de garantir que o nosso investimento na educação nos países de origem os prepara para alcançar o mercado de trabalho dos seus países, mas também o mercado global", sublinhou.

António Vitorino defendeu a necessidade de "uma nova narrativa" sobre migração, essencial para "confrontar as abordagens populistas e xenófobas", que exige a participação de "novos atores: os empresários, os sindicatos e as diásporas".

A conferência é organizada pela Plataforma Global para os Estudantes Sírios, uma iniciativa do antigo Presidente português Jorge Sampaio, e pelo Governo português.


DN

www.miguelimigrante.blogspot.com

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