O candidato português à Organização Internacional para as
Migrações (OIM), António Vitorino, defendeu hoje a importância de garantir a
educação dos migrantes nos países de origem e de acolhimento, lamentando a
falta de "vontade política" e de "confiança mútua".
"Todos reconhecem que não precisamos de mais
declarações, precisamos de ação", sustentou o antigo comissário europeu,
que concorre ao cargo de diretor-geral da OIM, numa intervenção numa
conferência internacional sobre "Educação Superior em situações de
emergência", a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Na resposta ao problema das migrações, faltam, sustentou,
mais que dinheiro, "vontade política" e "confiança mútua"
-- "duas coisas difíceis de encontrar nos dias de hoje na comunidade
internacional", comentou.
António Vitorino identificou a educação como um
elemento-chave, defendendo o investimento no ensino nos países de origem de
migrantes como uma "ferramenta importante" para manter as pessoas nas
suas terras, "porque dá autoconfiança e reforça a resiliência da
sociedade".
Mas, considerou, "para aqueles que decidem migrar,
como uma escolha voluntária e não uma opção formada, se eles estiveram mais bem
preparados do ponto de vista da educação, têm mais hipóteses de serem bem-sucedidos
nos países para onde vão".
Para tal, lembrou, é necessária uma colaboração
"muito próxima" entre países de origem e de destino na aplicação de
programas educativos e no reconhecimento de qualificações académicas, algo que
disse não se verificar atualmente, constituindo "um obstáculo".
Além disso, o antigo comissário europeu referiu o elevado
crescimento da população em África, considerando que dificilmente as economias
africanas terão capacidade de assegurar empregos para todos os jovens que
chegam à idade de trabalhar nos próximos anos.
"Temos de garantir que o nosso investimento na
educação nos países de origem os prepara para alcançar o mercado de trabalho
dos seus países, mas também o mercado global", sublinhou.
António Vitorino defendeu a necessidade de "uma nova
narrativa" sobre migração, essencial para "confrontar as abordagens
populistas e xenófobas", que exige a participação de "novos atores:
os empresários, os sindicatos e as diásporas".
A conferência é organizada pela Plataforma Global para os
Estudantes Sírios, uma iniciativa do antigo Presidente português Jorge Sampaio,
e pelo Governo português.
DN
www.miguelimigrante.blogspot.com
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