Durante o Vision
Europe Summit, que decorreu ontem na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o
ex-Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados sublinhou mais uma vez
o tema dos refugiados, defendendo que é fundamental “restabelecer a integridade
do sistema internacional de proteção” de refugiados, incluindo uma gestão de
fronteiras “sensível às necessidades das pessoas”, segundo divulga a agência
Lusa.
O próximo
secretário-geral das Nações Unidas admitiu não estar “particularmente otimista
com o atual cenário internacional”, em matéria concertante aos refugiados e
migrações, mas acredita que, enquanto alguns veem as migrações como “o
problema” de hoje, outros sabem que são “uma solução”.
“Sem migrantes, as
sociedades europeias não serão sustentáveis”, avisou, acrescentando que as
migrações “estão cá e estão para ficar”, referindo “a falta de capacidade dos
governos em gerir” este “fenômeno inevitável”, apelando que se adotem
“respostas globais ou, pelo menos, regionais”.
“A melhor atitude é
tentar gerir as migrações e o problema é que, até agora, não houve um esforço
concertado para o fazer”, criticou.
Em relação aos
refugiados, António Guterres sustentou que, desde 2015 que se presencia “uma
dramática deterioração do sistema de proteção” e prevalência da “agenda da
soberania nacional” sobre “a agenda dos direitos humanos”.
“A comunidade
internacional fracassou” na proteção dos sírios e nenhum país conseguirá
resolver sozinho o desafio das migrações, devendo os grupos regionais, como a
Europa, “assumir coletivamente as suas responsabilidades”.
“As políticas de
cooperação para o desenvolvimento têm de ter em conta o impacto na mobilidade
humana e têm-no ignorado”, é assim imprescindível criar mais oportunidades para
as pessoas ficarem nas suas comunidades, “as migrações resultarão de vontade e
não de necessidade, de esperança e não de desespero”, distinguiu o próximo
líder das Nações Unidas.
Questionado sobre
os recentes resultados de eleições e referendos, o político reconheceu a “grave
deterioração nas opiniões públicas do mundo” sobre as migrações. “Os refugiados
transformaram-se numa ameaça”, lamentou, no entanto “não é sensato ignorar” a
sensação “de medo”.
“Não seremos
eficazes se não formos capazes, líderes políticos, organizações internacionais,
sociedade civil, de dar respostas concretas aos sentimentos” de comunidades e
populações, frisou.
As migrações “são
inevitáveis” e a consequência são sociedades inevitavelmente, “multiétnicas,
multirreligiosas e multiculturais”.
É necessário firmar
um “sentimento de pertença”, o que implica um “forte investimento”, político, econômico, social, cultural, de Estados, autarquias, sociedades civis.
“Se não investirmos
na diversidade, seremos surpreendidos por mais dos que certos resultados
eleitorais, pois os valores que temos e a segurança global serão postos em
causa”, alertou.
Jornal Econômico
www.miguelimigrante.blogspot.com
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