sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Anistia Internacional diz que Itália abusa de imigrantes por pressão da UE



A Itália vem cometendo abusos de direitos humanos que podem equivaler a tortura enquanto tenta registrar dezenas de milhares de imigrantes chegando de barco, disse a Anistia Internacional nesta quinta-feira, provocando uma negação veemente do diretor da polícia nacional.
O relatório incluiu alegações de espancamentos, choques elétricos e humilhação sexual em casos envolvendo principalmente imigrantes da África que não quiseram ter suas impressões digitais gravadas.O chefe da polícia italiana, Franco Gabrielli, descartou as acusações, dizendo que seus policiais, que trabalham ao lado de autoridades da União Europeia e de grupos de direitos humanos nos centros de imigração, mostraram uma responsabilidade enorme na administração da crise.

"Nego categoricamente que métodos violentos sejam usados contra imigrantes, seja durante a identificação, seja durante a repatriação", afirmou Gabrielli em um comunicado.

A Itália se tornou o principal ponto de chegada na Europa para pessoas em fuga de perseguições e da pobreza no continente africano, e a maioria cruza o mar Mediterrâneo partindo da caótica Líbia em busca de uma vida melhor.
Alarmada pelo aumento da quantidade de imigrantes que percorrem o território italiano rumo ao norte europeu, em setembro de 2015 a UE pediu à Itália e à vizinha Grécia que criassem "pontos quentes" para identificar e tirar impressões digitais dos recém-chegados.

As leis europeias dizem que os imigrantes devem permanecer no país por onde entraram no bloco, e isso é determinado por onde deixam suas digitais. Até o ano passado, a maioria dos imigrantes se recusava a ser identificada e seguia diretamente para o norte, a parte mais rica da Europa.

"Em sua determinação de reduzir o movimento de refugiados e imigrantes rumo a outros Estados-membros, líderes da UE levaram as autoridades italianas até o limite, e além do que é legal", disse Matteo de Bellis, pesquisador da Anistia, em um comunicado.

A Comissão Europeia disse que os "pontos quentes" são legais e que respeitam direitos fundamentais, acrescentando que agências da UE e grupos de ajuda localizados na Itália não relataram qualquer irregularidade.
"Qualquer forma de violência ou abuso de direitos de refugiados é inaceitável, e levamos toda e qualquer alegação a sério. Vamos manter contato com as autoridades italianas para saber se alguma destas afirmações tem fundamento", disse a porta-voz da Comissão.

Reuters

Por Isla Binnie


www.miguelimigrante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário