quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mensagem do Diretor Geral da OIT por ocasião do Dia Internacional dos Migrantes


Comemoramos o contributo das mulheres e homens migrantes para o crescimento e para o desenvolvimento, tanto dos seus países de origem como dos de acolhimento. Estas pessoas trazem aos mercados de trabalho competências necessárias e capital humano e social. Neste mundo interligado, as mudanças demográficas, que geram escassez de trabalho e de competências a todos os níveis, muitas vezes em paralelo com desemprego elevado ou fraca criação de emprego, levantam sérios desafios às perspetivas de crescimento económico nos países em causa.
A procura por empregos dignos, que possam sustentar vidas dignas para os/as trabalhadores/as e suas famílias, é a principal força impulsionadora da migração internacional atual, e os movimentos entre países do Sul a nível mundial são tão significativos como a migração Sul-Norte.
Infelizmente, muitas vezes os migrantes tornam-se facilmente bodes expiatórios quando as condições económicas e sociais se deterioram, como tem sido evidente no contexto da crise financeira e económica mundial. Em muitos casos, os/as trabalhadores/as migrantes têm sido vítimas de assédio e violência, sendo acusados/as do aumento do desemprego e da diminuição dos salários. Tal reação traduz-se num endurecimento das políticas de imigração, por vezes independentemente das necessidades, reais ou previsíveis, do mercado de trabalho. Porém, os dados disponíveis sugerem que onde as normas da OIT sobre os salários e condições de trabalho são respeitadas, a migração tem pouco ou nenhum efeito sobre o aumento do desemprego ou a diminuição dos salários.
Simultaneamente, a contribuição positiva dos migrantes – em termos de criação de emprego através do empreendedorismo, fornecendo bens e serviços necessários para as populações dos países de destino, e preenchendo lacunas no mercado de trabalho – é muitas vezes subestimada.
Neste momento é ainda mais urgente garantir que os/as trabalhadores/as migrantes gozem dos direitos e proteção a que têm direito à luz do direito internacional, tal como previsto nas duas convenções pioneiras da OIT sobre os trabalhadores migrantes – a Convenção (No. 97) relativa aos Trabalhadores Migrantes (Revista), de 1949 e a Convenção (No. 143) relativa às migrações em condições abusivas e à promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento dos trabalhadores migrantes, de 1975 – bem como na Convenção Internacional das Nações Unidas sobre a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, de 1990; aConvenção (No. 189) da OIT relativa ao Trabalho Digno para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, de 2011 também é relevante visto que muitos/as trabalhadores/as domésticos/as são também migrantes.
As perspetivas de emprego mundiais continuam frágeis. Com o mundo do trabalho em crise, os/as trabalhadores/as migrantes – especialmente aqueles com níveis de qualificações baixos ou médios, as trabalhadoras migrantes e os/as jovens migrantes – muitas vezes enfrentam maiores dificuldades do que os demais trabalhadores, no que respeita ao pagamento insuficiente ou não pagamento de salários, riscos de segurança e saúde no trabalho, trabalho informal, exclusão da proteção social e discriminação.
Dezenas de milhares de pessoas são levadas a condições de vida e de trabalho irregulares, o que aumenta a sua vulnerabilidade a abusos ou condições de trabalho precárias. Isto coloca as empresas cumpridoras da lei em desvantagem e desperdiça as competências dos/as migrantes e o seu potencial para ajudar a promover o desenvolvimento e a recuperação económica.
Regular a migração laboral exige o equilíbrio de um conjunto de questões e interesses, envolvendo diversos atores a nível nacional e além fronteiras. A política de migração tem, portanto, dimensões críticas ao nível do mercado de trabalho. As empresas e as organizações de empregadores podem promover políticas e práticas de migração que tenham em conta as necessidades do mercado de trabalho. As organizações de trabalhadores têm um papel fundamental para assegurar que os/as trabalhadores/as migrantes são tratados/as de forma justa. E ambas são fundamentais para o diálogo sobre as políticas. O Quadro Multilateral da OIT sobre a Migração Laboral (2006) oferece uma orientação valiosa sobre abordagens que levam a políticas de migração melhor informadas.
Aumentar o bem-estar num mundo globalizado, melhorar o funcionamento dos mercados de trabalho, melhorar a produtividade e manter uma vantagem competitiva implicará lidar de forma positiva e construtiva com as questões da migração e da diversidade.

 OIT-Lisboa)

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