sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Filhos de imigrantes nascidos no país de acolhimento sentem-se mais discriminados



Os filhos de imigrantes nascidos e educados no país de acolhimento sentem-se mais discriminados do que os próprios imigrantes, alerta a OCDE.
Num relatório sobre integração dos imigrantes, a OCDE sublinha as "persistentes desvantagens que os filhos de imigrantes nascidos, criados e educados no país enfrentam quando comparados com os filhos de, pelo menos, um progenitor nativo".
Os filhos de imigrantes nascidos no país de acolhimento representavam, em 2008, 5,4% das pessoas com idades entre 15 e 34 anos, enquanto 14,4% da mesma faixa etária eram estrangeiras.
Na educação, o desempenho das crianças depende, segundo a OCDE, de fatores socioeconómicos, das caraterísticas das escolas que frequentam e de caraterísticas das populações imigrantes, nomeadamente a língua falada em casa.
Este fator prejudica as crianças filhas de imigrantes, por exemplo, nos resultados dos testes PISA (que a OCDE realiza para avaliar o nível dos estudantes de 15 anos na língua oficial do país onde residem). Nestes testes, os resultados dos filhos dos imigrantes nascidos no país ficam algures entre os dos imigrantes e os dos nativos.
"Os resultados em leitura dos filhos de imigrantes são 36 pontos mais baixos do que os nativos", escreve a OCDE.
O sucesso escolar dos filhos de imigrantes é particularmente baixo em Portugal e em Espanha, onde mais de metade deles completaram, no máximo, o ensino básico, contra 40% dos imigrantes entre 25 e 34 anos.
As dificuldades notam-se também no acesso ao mercado de trabalho e na qualidade dos empregos que os filhos dos imigrantes encontram.
Na média dos 34 países da OCDE, a taxa de desemprego dos filhos de imigrantes nascidos no país de acolhimento é 13,8%, sete pontos percentuais acima da taxa de desemprego dos descendentes de nativos.
Também a taxa de jovens filhos de imigrantes entre os 15 e os 34 anos que não estão a trabalhar nem a estudar (17%) é cinco pontos percentuais mais alta do que a dos nativos.
Dos que estão a trabalhar, cerca de 16% são demasiado qualificados para os empregos que têm, quando entre os nativos esta taxa é de apenas 13%.
Além disso, os filhos dos imigrantes têm menos probabilidades de encontrar emprego no setor público, apesar de terem a nacionalidade do país onde residem.
Por outro lado, com base em inquéritos realizados junto dos imigrantes e filhos de imigrantes, a OCDE conclui que estes últimos se sentem mais discriminados do que os outros. "Os filhos dos imigrantes não deveriam, em princípio, enfrentar as mesmas dificuldades de integração do que os seus pais", já que têm melhores conhecimentos da língua, do funcionamento da sociedade e do mercado de trabalho do país em que se encontram, escreve a OCDE.
No entanto, por todos os países da OCDE "o sentimento de pertencer a um grupo discriminado é mais frequente entre os filhos dos imigrantes (23%) do que entre pessoas que nasceram no estrangeiro" (14%), acrescenta a organização.
Isto deve-se mais a jovens cujos pais migraram de países de baixo rendimento e menos aos filhos de imigrantes provenientes de outros países da OCDE, conclui ainda a organização.

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