Os filhos de imigrantes nascidos e educados no
país de acolhimento sentem-se mais discriminados do que os próprios imigrantes,
alerta a OCDE.
Num relatório sobre integração dos imigrantes, a
OCDE sublinha as "persistentes desvantagens que os filhos de imigrantes
nascidos, criados e educados no país enfrentam quando comparados com os filhos
de, pelo menos, um progenitor nativo".
Os filhos de imigrantes nascidos no país de
acolhimento representavam, em 2008, 5,4% das pessoas com idades entre 15 e 34
anos, enquanto 14,4% da mesma faixa etária eram estrangeiras.
Na educação, o desempenho das crianças depende,
segundo a OCDE, de fatores socioeconómicos, das caraterísticas das escolas que
frequentam e de caraterísticas das populações imigrantes, nomeadamente a língua
falada em casa.
Este fator prejudica as crianças filhas de
imigrantes, por exemplo, nos resultados dos testes PISA (que a OCDE realiza
para avaliar o nível dos estudantes de 15 anos na língua oficial do país onde
residem). Nestes testes, os resultados dos filhos dos imigrantes nascidos no
país ficam algures entre os dos imigrantes e os dos nativos.
"Os resultados em leitura dos filhos de
imigrantes são 36 pontos mais baixos do que os nativos", escreve a OCDE.
O sucesso escolar dos filhos de imigrantes é
particularmente baixo em Portugal e em Espanha, onde mais de metade deles
completaram, no máximo, o ensino básico, contra 40% dos imigrantes entre 25 e
34 anos.
As dificuldades notam-se também no acesso ao
mercado de trabalho e na qualidade dos empregos que os filhos dos imigrantes
encontram.
Na média dos 34 países da OCDE, a taxa de
desemprego dos filhos de imigrantes nascidos no país de acolhimento é 13,8%,
sete pontos percentuais acima da taxa de desemprego dos descendentes de
nativos.
Também a taxa de jovens filhos de imigrantes
entre os 15 e os 34 anos que não estão a trabalhar nem a estudar (17%) é cinco
pontos percentuais mais alta do que a dos nativos.
Dos que estão a trabalhar, cerca de 16% são
demasiado qualificados para os empregos que têm, quando entre os nativos esta
taxa é de apenas 13%.
Além disso, os filhos dos imigrantes têm menos
probabilidades de encontrar emprego no setor público, apesar de terem a
nacionalidade do país onde residem.
Por outro lado, com base em inquéritos
realizados junto dos imigrantes e filhos de imigrantes, a OCDE conclui que
estes últimos se sentem mais discriminados do que os outros. "Os filhos
dos imigrantes não deveriam, em princípio, enfrentar as mesmas dificuldades de
integração do que os seus pais", já que têm melhores conhecimentos da
língua, do funcionamento da sociedade e do mercado de trabalho do país em que
se encontram, escreve a OCDE.
No entanto, por todos os países da OCDE "o
sentimento de pertencer a um grupo discriminado é mais frequente entre os
filhos dos imigrantes (23%) do que entre pessoas que nasceram no
estrangeiro" (14%), acrescenta a organização.
Isto deve-se mais a jovens cujos pais migraram
de países de baixo rendimento e menos aos filhos de imigrantes provenientes de
outros países da OCDE, conclui ainda a organização.
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