O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, pediu nesta sexta-feira ao governo da Venezuela
que abra suas portas à ONU para verificar no terreno o que está acontecendo no
país.
"Não fomos convidados e não permitiram nossa
entrada. Se tudo não é tão ruim como outros dizem, então por que não nos deixam
entrar?", questionou Zeid.
O alto comissário apresentou na última quarta-feira
diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU o seu relatório anual sobre a
situação das liberdades fundamentais no mundo, no qual disse que as liberdades
de expressão, opinião, associação e reunião pacífica são "reprimidas e
gravemente restringidas" na Venezuela.
Além disso, Zeid afirmou que "não há condições
mínimas para a realização de eleições livres e críveis", que foram
convocadas para 20 de maio pelo governo do presidente Nicolás Maduro.
Os comentários do alto comissário não foram bem recebidos
pelo governo venezuelano, e o Ministério das Relações Exteriores os tachou de
"infundados e irresponsáveis".
Nesse sentido, Zeid disse hoje que desde que assumiu o
cargo, há quase quatro anos, está pedindo permissão de acesso para sua equipe
ao país e um convite para que ele mesmo possa visitá-lo.
"O tema principal é: o que eles estão escondendo? O
que é isto que eles não querem que vejamos? E por que não querem que vejamos?
São perguntas que eles não respondem e deveriam responder", concluiu Zeid.
O alto comissário indicou que sua equipe seguirá
investigando à distância, como faz com muitos outros países no mundo.
Em agosto do ano passado, o Alto Comissariado publicou um
relatório realizado através de entrevistas telefônicas no qual denunciou
violações generalizadas dos direitos humanos na Venezuela.
O relatório ressaltou que as forças de segurança
venezuelanas utilizam violência e cometem maus-tratos de forma sistemática e
generalizada contra milhares de manifestantes, e detiveram de forma arbitrária
pelo menos 5 mil pessoas, muitas das quais sofreram "tortura" durante
a detenção ou reclusão.
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