Entre os anos de 2010 e 2016, o estado do Acre foi
rota para mais de 50 mil imigrantes que entraram no país pela fronteira com o
Peru. Agora, o governo acreano acionou o Supremo Tribunal Federal para que o
governo federal pague os quase de R$ 13 milhões que foram gastos com a ajuda
humanitária.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos do
estado (Sejudh), Nilson Mourão, informou que o valor pedido pelo estado ainda
está abaixo do que realmente foi gasto. Segundo ele, não foram incluídas várias
despesas que o estado teve durante a onda migratória.
Mourão disse que a questão da imigração é algo novo
enfrentado pelo Brasil, que antes apenas enviava brasileiros para outros
países. O secretário acredita que é “legítimo” o estado querer ser ressarcido
pelos seus gastos.
“Claro que isso teve um custo muito elevado. A
responsabilidade do fato imigratório é exclusiva do governo federal, mas como
eles estavam no nosso estado, tínhamos que fazer alguma coisa. Passado esse
processo, compreendo como absolutamente legítimo que o governo do estado busque
ressarcir os custos dessa ação”, afirma Mourão.
Ainda conforme o secretário, os custos do estado
vão desde as ações para receber os imigrantes, com equipes e estrutura, até a
montagem do abrigo e manutenção do local. “Não foi colocado exatamente tudo que
foi gasto, é uma questão de muito mais do que isso”, afirmou.
Rota de imigração
Imigrantes chegavam ao Acre diariamente pela
fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. A
maioria dos que fazia essa rota era imigrante haitiano. Os grupos deixaram sua
terra natal, depois que um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e
devastou parte do país.
O maior fluxo de imigrantes foi desde dezembro de
2010 até março de 2016, quando o abrigo foi
desativado, em Rio Branco. Inicialmente, os
imigrantes eram abrigados no município de Brasileia, distante
232 quilômetros, mas foi desativado e transferido para a capital acreana.
Os imigrantes chegavam ao Brasil em busca de uma
vida melhor e com a esperança de poder ajudar os familiares. Para chegar até o
Acre, eles saíam, quase sempre, da capital haitiana, Porto Príncipe, e pegavam
um ônibus até Santo Domingo, na República Dominicana, localizada na mesma ilha.
Lá compravam uma passagem de avião e iam até o
Panamá. Da cidade do Panamá, seguiam de avião ou de ônibus para Quito, no
Equador.
Por terra, iam até a cidade fronteiriça peruana de
Tumbes e passavam por Piura, Lima, Cusco e Puerto Maldonado até chegar a
Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passavam até
chegar em Brasileia.
Emissão de vistos
O Acre deixou de ser a
principal rota para entrada de imigrantes haitianos no país desde
que o Brasil ampliou a emissão de vistos pelas embaixadas em Porto Príncipe
(Haiti), Quito (Equador) e Lima (Peru). Em 2015, houve uma queda de 96% no
número de haitianos ilegais que chegaram ao Brasil pelo estado.
Segundo o Itamaraty, em 28 de setembro de 2015 foi
inaugurado em Porto Príncipe, em parceria entre a Embaixada do Brasil no Haiti
e a Organização Mundial para a Imigração, um novo centro de atendimento para
demandas de vistos de haitianos que querem ir ao Brasil.
www.miguelimigrante.blogspot.com
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