sábado, 17 de março de 2018

Refugiada síria empreende em São Paulo e acumula seguidores pelas redes sociais

A refugiada síria Razan tira uma sefie ao lado do Alto Comissário do ACNUR, Filippo Grandi. Sua trajetória foi anunciada pelo chefe do ACNUR como inspiração na abertura de um encontro regional realizado em Brasília/DF. © ACNUR/Luiz F. Godinho
São Paulo, 15 de março de 2018 (ACNUR) – Razan era professora de inglês para crianças e nunca havia saído de sua cidade natal, Alepo, na Síria. Com a guerra e a intensificação dos bombardeios, em 2014 ela foi forçada a abandonar a cidade pela primeira vez, sem saber qual seria seu destino final, sem saber que, em meio ao conflito, estava grávida.
Quando ainda morava na Síria, Razan esperava permanecer ao lado de sua família e esgotou as possibilidades antes de tomar a difícil decisão de abandonar as pessoas próximas e todos os bens que havia conquistado. Em busca de segurança, ela se mudou de casa várias vezes e ainda assim não estava protegida dos ataques aéreos. “Caíam muitas bombas a cada minuto, três primos meus morreram em um ataque em uma das casas que eu morava”, disse a jovem refugiada de 28 anos. “Com a guerra, perdemos tudo e mesmo ter acesso a itens básicos, como comida e água, era como se fosse um sonho”.
Razan então seguiu seu caminho para o Líbano, acompanhada de seu marido. Uma viagem difícil, onerosa e insegura, repleta de tensão e angústia. E a vida naquele país também não estava nada fácil, algo que se estende até os dias atuais. Mais de três quartos dos refugiados nas áreas urbanas da Jordânia e do Líbano não conseguem suprir suas necessidades básicas de alimentação, moradia, saúde e educação. No marco dos sete anos de conflito armado no país, as condições para milhões de sírios no exílio estão se deteriorando e a grande maioria vive abaixo da linha da pobreza.
Após três meses no Líbano, Razan e seu marido obtiveram o visto humanitário na Embaixada do Brasil, juntaram os últimos recursos para a compra das passagens aéreas e chegaram em segurança ao então desconhecido país. Novamente, o início não foi fácil, principalmente pela dificuldade associada ao aprendizado do idioma local e da cultura “bastante diferente do que eu imaginava ser”.
Já no aeroporto internacional de Guarulhos, na chegada, Razan sentiu um mal-estar, mas não imaginava que traria uma ótima novidade: tratava-se de seu filho Alan, nascido no Brasil e que recentemente completou quatro anos de idade.
Como muitas outras pessoas em situação de refúgio, Razan não conseguiu um emprego em sua área de conhecimento. No entanto, com determinação e empenho, aprendeu o idioma e participou de iniciativas de capacitação e empreendedorismo promovidas pelo ACNUR e seus parceiros, como o projeto Empoderando Refugiadas.
Atualmente, sua página do Facebook, Razan Comida Árabe, já tem mais de 7.700 seguidores e se tornou um exemplo de boa prática,  tendo seus conhecimentos compartilhados com outras mulheres em situação de refúgio que pretendem empreender nas redes sociais.
Incansável em sua trajetória, Razan reconhece as dificuldades que enfrentou e olha para frente para que possa seguir adquirindo novos saberes e para inspirar outras pessoas a seguirem seus passos.
“Hoje, enfim, me sinto segura, feliz por estar com minha família recomeçando nossas vidas com dignidade e perspectivas de um futuro pleno. Agradeço aos brasileiros pela acolhida tão boa e me sinto em casa nessa terra que faz parte da minha vida sonhada”.
Acnur 
www.miguelimigrante.blogspot.com

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