Dezenas de venezuelanos que moram na praça Simón Bolívar,
na zona Sul de Boa Vista, protestam na manhã desta sexta-feira (2) para cobrar
o cumprimento das ações anunciadas pelo Governo Federal no mês passado
referentes à assistência aos imigrantes.
No último dia 15 de fevereiro, o presidente Michel Temer
(MDB) assinou um decreto que reconheceu a situação de
"vulnerabilidade" no estado. Além disso, uma medida provisória que
prevê ações de assistência emergenciais também foi assinada. (Veja abaixo as áreas
atendidas na MP )
O G1 procurou a Casa Civil para se pronunciar sobre a
manifestação. Questionada sobre o prazo para implementação das medidas, a pasta
se limitou a dizer que não comentaria o caso.
De acordo com dados da prefeitura de Boa Vista, mais de
40 mil venezuelanos vivem atualmente na cidade, o que representa mais de 10%
dos 330 mil habitantes da capital de Roraima, que enfrenta dificuldades para
lidar com a imigração desenfreada.
Entre 1º de janeiro a 15 de fevereiro deste ano, o número
de solicitações de permissão para entrar no Brasil por Roraima chegou a mais de
18 mil pedidos.
Com cartaz "S.O.S decreto 821", o venezuelano
Angel Sandoval, de 40 anos, era um dos manifestantes na praça. Além de cobrar
as medidas assistenciais, ele pediu mais rapidez no recebimento e análise dos
pedidos de refúgio feitos na Polícia Federal.
"A razão do protesto é fazer um chamado ao Governo
Federal para que dê prosseguimento ao decreto emergencial, à medida provisória
821 e que agilize a nossa documentação, porque ela é fundamental para que a
gente consiga trabalho", disse Angel.
Segundo ele, um levantantamento feito pelos próprios
venezuelanos listou o número de imigrantes que vivem na Praça Simón Bolívar.
São cerca de 1.085 pessoas morando no local e sobrevivem, sobretudo, de doações
feitas por brasileiros.
"Alguns trabalham, mas são poucos. Aqui conheço
amigos que estão sem conseguir uma mísera diária há mais de um mês",
explicou Angel.
Wilfredo (à direita) e Angel (à esquerda) dizem que
documentação é fundamental para conseguir emprego no Brasil. (Foto: Alan
Chaves/G1 RR)Wilfredo (à direita) e Angel (à esquerda) dizem que documentação é
fundamental para conseguir emprego no Brasil. (Foto: Alan Chaves/G1 RR)
Wilfredo (à direita) e Angel (à esquerda) dizem que
documentação é fundamental para conseguir emprego no Brasil. (Foto: Alan
Chaves/G1 RR)
Wilfredo Sanchez, de 54 anos, disse que aguarda pela
interiorização dos imigrantes para outros estados do Brasil para buscar
emprego, mas teme pela demora em conseguir a documentação necessária, como
identidade e pedido de refúgio.
"Queremos que o governo agilize os documentos e nos
dê a oportunidade de ir a outros estados onde tenha trabalho", comentou
Wilfredo.
A transferência dos imigrantes é uma das medidas anunciadas
pelo Governo Federal e os dois primeiros destinos dos venezuelanos são os
estados de São Paulo, com 350 imigrantes, e o Amazonas, com 180.
Áreas atendidas com a medida provisória
De acordo com o governo, as medidas emergenciais
previstas na MP vão abranger, entre outras, as áreas de:
proteção social;
saúde;
educação;
direitos humanos;
proteção de mulheres, crianças, idosos e pessoas com
deficiência;
alimentação;
segurança pública.
www.miguelimigrante.blogspot.com
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