Her turn (A vez delas, em
tradução livre), um novo relatório do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados,
revela que as meninas refugiadas, em comparação com os garotos, têm apenas 50%
de probabilidade de se matricularem no ensino secundário, ainda que representem
metade da população de refugiados em idade escolar.
O acesso à educação é um
direito humano fundamental. No entanto, para milhões de mulheres e meninas
entre a crescente população de refugiados do mundo, a educação continua sendo
uma aspiração e não uma realidade.
Os portões das escolas
são muito mais difíceis de serem abertos para as crianças refugiadas. Para as
meninas refugiadas, é ainda mais difícil encontrar – e manter – um lugar em uma
sala de aula. À medida que envelhecem, a integração ao sistema educacional fica
ainda mais difícil e a diferença de gênero nas escolas secundárias cresce.
“É hora de a comunidade
internacional reconhecer a injustiça que é negar educação às crianças e às
mulheres refugiadas”, destaca Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para
Refugiados. “Esses achados são um sinal de alerta para o mundo, e eu convoco
todos a se juntarem a nós em prol da educação das meninas refugiadas”.
O relatório do ACNUR
revela que as convenções sociais e culturais muitas vezes resultam na
priorização dos meninos para frequentar a escola. Instalações precárias, que
não contam com estruturas sanitárias adequadas e produtos usados no período
menstrual, podem dificultar o acesso das meninas refugiadas às escolas. Além
disso, o custo dos livros, dos uniformes e a jornada até a escola podem ser
impedimentos para as famílias refugiadas que desejam matricular seus filhos e
filhas.
“Encontrar soluções para
os desafios que as meninas refugiadas enfrentam enquanto se esforçam para dar
continuidade aos estudos exige a ação de muitas partes – dos ministérios da
educação de cada país às instituições de formação de professores, nas
comunidades e nas salas de aula”, acrescentou Grandi. “Há grandes barreiras a
serem superadas. Estamos pedindo um esforço internacional para mudar este
cenário”.
Para ajudar mais meninas
refugiadas a ter acesso a uma educação de qualidade, o relatório do ACNUR
destaca uma série de ações e políticas possíveis e eficazes.
Se os refugiados adultos
puderem trabalhar e apoiar suas famílias, eles são mais propensos a deixar que
seus filhos permaneçam na escola.
Nenhuma garota deve
perder aulas porque a jornada até a escola é muito longa ou perigosa. As
meninas refugiadas precisam de uma proteção melhor contra assédio, agressão
sexual e sequestro no caminho para a escola.
Há também uma
necessidade urgente de recrutar e treinar mais professoras, tanto das
comunidades de acolhida quanto das comunidades de refugiados, para garantir que
elas promovam as melhores condutas e previnam a reprodução de práticas que
impedem as meninas de colocar os pés na sala de aula.
O relatório observa que,
para as meninas refugiadas, uma educação de qualidade é protetora: reduz a
vulnerabilidade à exploração, à violência sexual e de gênero, e casos de
gravidez na adolescência e casamento infantil. Além disso, se todas as mulheres
recebessem educação primária, as mortes de crianças decorrentes de diarreia,
malária e pneumonia cairiam.
A educação também é
empoderadora. Quanto mais as meninas progridem nos estudos, mais desenvolvem
habilidades de liderança, empreendedorismo, autossuficiência e resiliência.
Essas vantagens são
claramente exemplificadas pelos indivíduos apresentados no relatório – dos
adolescentes burundeses e ruandeses que estudam lado a lado na Escola Paysannat
L, nos arredores do campo de refugiados de Mahama, ao professor Rohingya que
dedica seu tempo para contribuir com a educação dos muitos recém-chegados que
deixaram Mianmar para escapar da violência.
“Se continuarmos a
negligenciar a educação das meninas refugiadas, é evidente que as consequências
serão sentidas por gerações”, pontuou Grandi. “É hora de tornar a educação das
meninas refugiadas uma prioridade”.
Apenas 61% das crianças
refugiadas têm acesso ao ensino primário, em comparação com uma média
internacional de 91%. No ensino secundário, 23% dos adolescentes refugiados
frequentam a escola, em comparação com uma média global de 84%.
Acesse aqui a versão completa do relatório Her Turn (disponível em inglês).
Acnur
www.miguelimigrante.blogspot.com
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