Os desafios dos governos estadual e municipais para atender os imigrantes venezuelanos que chegam todos os dias ao Brasil foram debatidos nesta terça-feira (27) em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Saúde e segurança são os principais problemas enfrentados pelos governos.
Milhares de imigrantes venezuelanos entraram no Brasil nas últimas semanas, e continuam entrando, principalmente por Pacaraima, em Roraima. O embaixador Tarcísio Costa, representante do Itamarati, observou que o fluxo migratório exige mais investimentos em infraestrutura, saúde, segurança e educação. E observou que compromissos internacionais do Brasil impedem que o país feche as fronteiras.
- Nós somos um povo formado por imigrantes. Conflitaria muito com a lógica da nossa formação uma atitude de repulsa, de expulsão, não apenas com a nossa tradição, mas com os nossos compromissos internacionais - explicou.
Ao contrapor opiniões de que o Brasil está em crise e os investimentos devem ser destinados aos brasileiros, a representante da Cruz Vermelha, Carolina Soares, disse que as pessoas precisam de ajuda.
- A principal missão da Cruz Vermelha é atenuar o sofrimento humano. A gente vê esse povo sofrendo, essas pessoas precisando de ajuda, e não importa se é brasileiro ou não.
Da mesma opinião, a presidente da Comissão de Direitos Humanos, senadora Regina Souza (PT-PI), defendeu um olhar humanitário sobre a imigração de venezuelanos.
- Espero que o Brasil olhe para isso dessa forma: com os olhos dos direitos humanos. Espero que o Brasil não entre na aventura de olhar com o olhar político, por exemplo, que os Estados Unidos entram - declarou.
O senador Telmário Mota (PTB-RR), autor do requerimento da audiência pública, disse que o governo federal tem ajudado, mas, em sua avaliação, a situação exige mais ações e investimentos, especialmente em saúde e educação.
- É preciso que o governo federal tenha esse olhar humanitário com o estado mais pobre da federação. E com certa rapidez, porque o caso exige. Roraima grita por socorro em todos os aspectos - disse o senador.
Também participaram da audiência pública o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, e representantes do Ministério dos Direitos Humanos, da Federação Humanitária Internacional, do Conselho Nacional de Imigração, das Nações Unidas para Refugiados e do Ministério da Saúde.
Agência Senado
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