A prefeitura de Boa Vista informou nesta
sexta-feira (23) que decretou situação de emergência social em razão da intensa imigração de
venezuelanos. O decreto tem validade de 180 dias e coloca todas
as secretarias, em especial a de Gestão Social, em alerta máximo.
O decreto foi assinado pela prefeita Teresa Surita
(PMDB) nesta quinta (22). A prefeitura estima que
mais de 40 mil venezuelanos vivem em Boa Vista atualmente, o que
equivale a mais de 10% dos cerca de 330 mil habitantes da capital do estado com
menor índice populacional do Brasil.
Ainda segundo a prefeitura, estima-se que, por dia,
800 venezuelanos entram no estado para fugir da crise humanitária no país
comandado por Nicolás Maduro.
"Diante da situação de calamidade e visando
preservar, principalmente, a segurança e os direitos das crianças e
adolescentes, a prefeitura declarou situação de emergência social em Boa
Vista", informou a prefeitura.
Os órgãos deverão priorizar ações emergenciais
humanitárias no município. Dentre essas ações estão:
·
Apoio e acolhimento a crianças em situação de rua,
com reforço na alimentação, saúde, higiene, assistência social e educação
·
Campanhas de vacinação e prevenção de doenças
·
Organização de campanhas filantrópicas
·
Criação de um banco de oportunidades para auxiliar
·
Inserção dos refugiados no mercado de trabalho
Conforme o decreto, a Secretaria Municipal de Saúde
adotará todas as medidas cabíveis e necessárias para minimizar os riscos
decorrentes da situação de anormalidade, com o objetivo de proteger a saúde da
população.
A prefeita declarou que o decreto é uma forma de
priorizar ações voltadas à proteção aos mais vulneráveis e minimizar os
impactos da crise migratória para os venezuelanos e para a população local
"Temos uma cidade organizada e que está
vivendo um momento de crise sem precedentes. Não podemos fechar os olhos para
as pessoas que estão nas ruas, praças e semáforos, principalmente para as
crianças, que estão expostas a condições desumanas, doenças e prostituição.
Estamos redirecionando ações para atender essas pessoas de forma digna",
disse Teresa.
Roraima lida desde 2015 com a chegada desenfreada
de venezuelanos, cujo êxodo é motivado pela crise política, econômica e social
do país. Só nos primeiros 45 dias de 2018, mais de 18 mil venezuelanos cruzaram
a fronteira do estado.
O governo federal reconheceu a 'vulnerabilidade social' em Roraimapor
meio de uma medida provisória que prevê ações de assistência emergenciais para
imigrantes venezuelanos no estado e uma força-tarefa foi criada para lidar com a situação no estado.
Plano emergencial
Além do decreto, a prefeitura apresentou um plano
de ação emergencial para a crise migratória, que tem como prioridade o
acolhimento às crianças em situação de risco social.
O plano prevê a criação de dois espaços com
capacidade para receber 100 crianças (cada) e um responsável que passariam o
dia nesses locais. O objetivo é que eles sejam instalados antes do período de
chuvas que se aproxima.
Nos abrigos, segundo a prefeitura, as crianças
receberiam acompanhamento de especialistas de diversas áreas e cinco refeições
diárias. A estrutura comportaria sala de atendimento individualizado, copa,
banheiros, lavanderia, refeitório e cantinho para descanso.
No entanto, para colocar o plano em prática, a
prefeitura disse que precisa de apoio de outras instituições e organizações.
O
plano foi apresentado na quinta durante reunião com representantes da Agência
da ONU para Refugiados (Acnur), do governo dos Estados Unidos e da Organização Internacional
para Imigração (OIM). A delegação está na América do Sul para verificar a
situação migratória em países vizinhos à Venezuela.
G1 Roraima
www.miguelimigrante.blogspot.com
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