O Jornal Nacional apresentou na noite deste sábado (17) uma reportagem sobre a imigração de venezuelanos na fronteira com Roraima. A Globo enviou repórteres ao local para fazerem uma matéria ridícula, de envergonhar qualquer jornalista sério.
Tiveram a oportunidade de investigar o que ocorre no local mas produziram mais uma peça de propaganda e estereótipos. A reportagem diz que “800” venezuelanos cruzam diariamente a fronteira com o Brasil para buscar “refúgio”. Aí já estão contidas duas manipulações. Vamos à primeira: os cidadãos venezuelanos que vêm ao Brasil não são refugiados, mas sim migrantes.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) explica que “os refugiados são pessoas que escaparam de conflitos armados ou perseguições”. “Já os migrantes escolhem se deslocar não por causa de uma ameaça direta de perseguição ou morte, mas, principalmente, para melhorar sua vida, buscando melhores oportunidades de trabalho e educação ou procurando viver com parentes que moram fora do país de origem. Diferentemente dos refugiados, que não podem voltar ao seu país, os migrantes continuam recebendo a proteção do seu governo.” [1]
Portanto, os venezuelanos são migrantes, e aí chegamos à segunda manipulação. Como migrantes, eles não ficam definitivamente no Brasil, mas podem voltar a seu país quando quiserem. Como ocorre nas fronteiras com o Uruguai, Paraguai e Bolívia, por exemplo, brasileiros e estrangeiros cruzam constantemente a fronteira, frequentemente o mesmo cidadão vai e volta, às vezes mais de uma vez por dia, principalmente motivado pelo comércio. Um venezuelano pode cruzar a fronteira com o Brasil e depois voltar, no mesmo dia. E pode fazer isso várias vezes. Facilmente podemos incluir todas as vezes que ele cruzou a fronteira nessa estatística de “800” imigrantes diários. E, realmente, equipes de jornalistas da mídia independente já constataram essa realidade (reportagem da Revista Opera foi à mesma cidade que os propagandistas da Globo e fez uma matéria mil vezes melhor [2]).
“Não há comida”, disse uma entrevistada pelo repórter da Globo. Entretanto, tal declaração só reforça o estereótipo propagado diariamente pela grande mídia e por analfabetos políticos de direita nas redes sociais, que espalham informações falsas ou meias verdades. Nunca se viu nas notícias das emissoras de TV ou dos canais no Youtube imagens de armazéns cheios de produtos básicos como alimentos e remédios, estocados por grandes empresários de redes de supermercados e comércios para que a mídia golpista venezuelana e internacional jogue a culpa da escassez fabricada no governo e no sistema político e econômico da Venezuela [3] [4] [5]. Tampouco se ouviu falar, nem mesmo se leu uma nota de rodapé, a respeito da especulação sobre os preços desses produtos, que chegaram a apresentar um aumento de mais de 10.000% em alguns casos [6] ou o contrabando para outros países e venda no mercado negro.
A “reporcagem” da TV Globo chega a denunciar o câmbio paralelo no lado brasileiro da fronteira – “atividade ilegal, clandestina”, diz o jornalista global – mas nenhum grande veículo de imprensa do Brasil nunca mencionou a utilização desse mecanismo para sabotar e desestabilizar a economia da Venezuela. Além disso, os dados inflacionários manipulados por um site dos EUA [7] sem base científica são propagados pela imprensa como um dogma e repetidos como um mantra pela direita venezuelana e internacional.
A matéria da Globo, anunciada como se fosse uma grande obra jornalística e investigativa, durou escassos minutos e não teve nenhuma profundidade em seu conteúdo. Foi mais uma amostra do serviço de desinformação prestado pelos órgãos da mídia burguesa que têm muito dinheiro público para gastar com encenações fictícias e pseudojornalísticas ao invés de esclarecerem os acontecimentos. Em verdade, seu papel é justamente este: encobrir verdades que lhes são incômodas e despejar mentiras e preconceitos que sirvam de justificativa para ações criminosas da burguesia e do imperialismo estadunidense contra governos que não se ajoelham a seus interesses, como é o caso da Venezuela Bolivariana do Presidente legítimo e popular, Nicolás Maduro Moros.
Causa Operaria
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