Santa Maria é chamada de cidade universitária, pois parte da população é composta por cerca de 35 mil estudantes universitários em mais de 350 cursos de graduação e pós-graduação que frequentam em nove instituições de ensino superior , entre universidade, centros universitários e faculdades isoladas aqui instaladas. A cidade também é conhecida por ter um comércio forte, ser uma atração turística e, nos últimos anos, abrigar muitos estrangeiros.
Basta caminhar pelo calçadão da cidade para observar muitas pessoas vendendo diferentes produtos – há músicos, mímicos, artesões entre os muitos ambulantes que se instalam por ali -, e se manter mesmo com a crise política no país que já se reflete na economia – o dólar chegou a 3, 372, conforme o G1. E mesmo com todos esse fatores negativos, há muitos estrangeiros que buscam na cidade melhores oportunidades.
Há um ano e meio em Santa Maria, o senegalês Gamou, 23, vende roupas na rua do Acampamento. Ele se deslocou da região de Thiés, segunda capital doSenegal, para morar com o irmão, Ousmane, em Santa Maria. Ambos vieram para o Brasil em busca de oportunidades. E o principal motivo para que o imigrante continue na cidade é a questão financeira, já que na sua antiga cidade natal não há condições de trabalho atualmente. Ele conta, também, que a principal dificuldade ao chegar em Santa Maria foi a de conseguir falar o português. Com um olhar sério, ressalta: “Mas tem um grupo de apoio na Pró Reitoria da UFSM que me ajuda muito, até hoje, na questão da adaptação”. Gamou refere ao Migraidh – Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional , grupo de pesquisa, ensino e extensão da UFSM que tem como foco os direitos humanos de imigrantes e refugiados, tanto como pesquisa quanto ao desenvolvimento de práticas e ações para a inserção social e empoderamento da população migrante.
O senegalês, sem perder a seriedade, explica que aqui foi bem recebido pelos santa-marienses.” É bem mais tranquilo para vender meus produtos. Em São Paulo é muito complicado vender pela questão da concorrência, diz. Gamou conta que teve experiência de três meses – foi despedido – na área de serviços gerais na área da construção civil. “Sinto muito saudade da família, porém, já estou acostumado com a distância. Todos os dias ligo para eles para saber das novidades”, afirma. O senegalês relata com alegria que já consegue escrever em português graças ao suporte que recebe.
Gamou declarou ainda que uma das suas principais preocupações fica por conta do alto índice de violência em Santa Maria. “Na minha antiga região não existia tanta violência”, declara em tom de preocupação.
Não é a mesma experiência do senegalês, Sumério, 27 anos, que atualmente também vende roupas próximo à praça Saldanha Marinho. Com uma expressão triste em um primeiro momento e um olhar desconfiado, ele, aos poucos, foi se soltando para contar a sua história. Foi quando surpreendeu ao falar dos seus motivos de estar na cidade e mostrar uma realidade, muitas vezes, imperceptível para as pessoas que julgam a vinda dos imigrantes só por terem que se manter financeiramente em outro país.
“Qualquer lugar em que se vive existe uma parte da população rica e outra pobre, mas cada um tem um objetivo para viajar. É claro que o dinheiro ganho aqui é melhor do que o do meu país, pois vale muito lá para fazer casa, comprar carro”, explica Sumério. “Mas eu adoro viajar para ganhar conhecimento e conhecer novas culturas. Minha família tem muito dinheiro e paga minhas passagens”, relata ao acrescenta que trabalha somente para o próprio sustento.
“É muito difícil ficar longe dos meus familiares. Há dias que sento e choro sozinho”, respondeu ao ser perguntado sobre se não sentia saudades de casa. O lado família do rapaz chamou muito a atenção, pois demonstrou ter muito apreço por seus pais. Em momento de despedida se sentiu mais à vontade, quando seu amigo, ao lado, sorriu por ele estar tirando fotos com todas pessoas a observá-lo no centro da cidade.
Por Luis Ricardo Kaufmann
Agencia de noticias central sul
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