sexta-feira, 9 de junho de 2017

Em visita à UERJ, representante da ONU elogia ações da instituição para refugiados

Em visita à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na terça-feira (6), a representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil, Isabel Marquez, conheceu o curso de português que a instituição e a Cáritas RJ oferecem atualmente a mais de 150 refugiados vivendo na capital fluminense e na região metropolitana. Dirigente também participou de cerimônia que oficializou a implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UERJ.
Mais de 150 refugiados de 17 países estão matriculados no curso de português oferecido pela Cáritas RJ e pela UERJ. Foto: ACNUR/Diogo Felix
Mais de 150 refugiados de 17 países estão matriculados no curso de português oferecido pela Cáritas RJ e pela UERJ. Foto: ACNUR/Diogo Felix
Em visita à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na terça-feira (6), a representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil, Isabel Marquez, elogiou o engajamento da comunidade acadêmica na prestação de assistência a vítimas de deslocamento forçado. A dirigente participou de cerimônia que oficializou a implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na instituição.
Apesar da atual crise financeira, que tem deixado servidores do centro universitário sem receber salários, a UERJ continua empreendendo esforços para exercer “seu papel social” e ajudar refugiados, lembrou Isabel. “Mesmo com todas as dificuldades que vocês têm, vocês ainda caminham juntos e ainda expressam a sua solidariedade”, disse.
Na UERJ, diferentes faculdades se articulam para atender as necessidades dos refugiados que vivem na capital fluminense e na região metropolitana. Estrangeiros que fugiram da violência e encontraram asilo no Brasil podem receber cuidado médico no Hospital Universitário Pedro Ernesto. O departamento de psiquiatria também disponibiliza assistência emergencial para quem sofre de algum transtorno mental.
Ruy Marques, reitor da UERJ, e Izabel Marquez, representante do ACNUR no Brasil, durante a cerimônia de assinatura do convênio que oficializa a implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UERJ. Foto: ACNUR/Diogo Felix
Ruy Marques e Izabel Marquez durante a cerimônia de assinatura do convênio que oficializa a implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UERJ. Foto: ACNUR/Diogo Felix
Outro destaque é o curso de português oferecido a refugiados por uma parceria entre a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro e a universidade. O braço da Igreja Católica seleciona voluntários que dão aulas planejadas com um material didático desenvolvido pelo Instituto de Letras da UERJ. As atividades acontecem dentro do campus Maracanã. Neste ano, cerca de 150 alunos de 17 países já ingressaram no curso. Em 2016, foram mais de 350.
“A UERJ é pioneira no apoio interdisciplinar. Muitas das faculdades da Cátedra focam mais em aspectos jurídicos, relações internacionais, matérias muito importantes de direito dos refugiados e direito público internacional, mas menos em outros setores multidisciplinares. Aqui, estamos falando de medicina, de nutrição, de apoio psicológico, de educação”, explicou.
Isabel Marquez, representante do ACNUR no Brasil, conheceu curso de português oferecido pela Cáritas RJ e pela UERJ. Foto: ACNUR/Diogo Felix
Isabel Marquez conheceu curso de português oferecido pela Cáritas RJ e pela UERJ. Foto: ACNUR/Diogo Felix
A Cátedra Sérgio Vieira de Mello é uma iniciativa do ACNUR no Brasil para difundir o ensino universitário sobre temas relacionados ao refúgio, promovendo a formação e a capacitação de professores e estudantes na área, além de priorizar o trabalho direto com refugiados e a sua inserção na vida acadêmica.
Também presente na cerimônia, o reitor da UERJ, Ruy Garcia Marques, afirmou que os refugiados tornam a UERJ “mais viva”. O dirigente da universidade reiterou que a instituição tem uma tradição de inclusão muito próxima dos objetivos do ACNUR.

Ensino de português inspira refugiados

Durante a visita, Isabel conheceu refugiados que frequentam o curso de português. Atualmente, 13 voluntários se revezam para dar aula a sete turmas. A iniciativa também recebe o apoio de nove recreadores, que tomam conta das crianças pequenas de alguns dos estudantes.
Entre as alunas do programa, está a advogada Zizi Embakàna, de Kinshasa, na República Democrática do Congo. Aos 33 anos, ela teve de deixar seu país de origem por participar de grupos que alertavam a sociedade congolesa sobre violações da Constituição. Depois de ser ameaçada, veio para o Brasil, aonde chegou em janeiro de 2016. Zizi é solicitante de refúgio — ela ainda não recebeu uma validação do governo brasileiro sobre seu pedido de asilo.
“Com a ajuda desse curso, eu entendo (português) e estou falando um pouco. Se eu dominar a língua, posso trabalhar”, disse. A congolesa e mãe de quatro crianças contou ainda que tem vontade de voltar a atuar como advogada no Brasil.
Outro participante da iniciativa é Amadu Sankoh, de Serra Leoa. Após ter perdido parentes e amigos durante a epidemia de ebola, ele estava sob trauma psicológico e precisou sair de onde morava para poder reconstruir sua vida. Amadu, que mora hoje na Rio das Pedras, sonha em transformar a sociedade brasileira para levar mais oportunidades a quem está excluído.
“Eu quero progredir e também beneficiar a nação como um todo. Eu quero aprender português e abrir portas”, afirmou.
Acnur
www.miguelimigrante.blogspot.com

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