sábado, 24 de junho de 2017

Haitianas aprendem a confeccionar bolsas em projeto na Grande Florianópolis

A estudante Christele Codet, 24 anos, mostra orgulhosa a bolsa artesanal com faixas laranja e azul. Ela escolheu cuidadosamente as cores e fez à mão a peça. Christele mora há oito meses em Florianópolis, depois de deixar família e amigos em uma cidade litorânea do Haiti em busca de oportunidades. Veio sozinha e divide uma casa com compatriotas na Carvoeira. Trabalha em um restaurante das 17h às 1h, mas também aprende um novo ofício: confeccionar bolsas, a primeira delas é a que exibe com carinho. Nas mãos de Christele e outras seis haitianas, retalhos e outros resíduos têxteis que seriam descartados se transformam em bolsas artesanais. 
Nerlande (E), ao lado de Christele recebem lições de NetoFoto: Marco Favero / Agencia RBS
Elas fazem parte do projeto Très Deyò, que em crioulo, língua falada no Haiti, significa tranças de fora. A iniciativa surgiu de um Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica do curso de Design de Moda da Estácio em São José Taisse Marcos de Souza. O objetivo era desenvolver uma coleção com imigrantes e refugiados. Há pouco mais de um mês começaram os encontros aos domingos no Espaço Cultural Armazém Coletivo Elza, no Sambaqui, para ensinar a usar os teares de pregos. Agora também se reúnem nas sextas pela manhã no ateliê da Estácio para usar as máquinas de costura. As imigrantes, que tinham pouca experiência na área, agora aprendem todo o processo de confecção:  
– No início elas levaram o projeto como um curso, agora vendo os protótipos começam a ver oportunidade de vender essas peças. Eu entendi que o projeto acabou envolvendo várias causas como o empoderamento feminino negro, de migração. E para elas é bacana o fato de elas serem vistas de forma diferente – resume Taisse. 
A coordenadora planeja vender as peças exclusivas em setembro, quando devem finalizar a primeira coleção. A renda ficará com as mulheres que confeccionaram os artigos. Depois o desafio é dar continuidade ao projeto. Para isso precisam de um local para a capacitação das imigrantes e confecção dos itens. Taisse conta que já têm bastante retalhos para a produção e gostaria de começar a confeccionar roupas também. Além disso, precisa de mais infraestrutura para atender outros imigrantes, inclusive homens, interessados em participar. 

A haitiana Nerlande Albert, 32 anos, frequenta os encontros semanais. Tímida e falando poucas palavras em português, explica que revendia roupas no seu país de origem. Agora entende o processo complexo que envolve a confecção de uma peça e se diverte na atividade nova:
– Graças a Taisse é fácil costurar – diz a imigrante, que há sete meses vive na Capital. 
Do outro lado, os envolvidos também aprendem. O acadêmico de Design de Moda Durval Travassos Neto ajuda no projeto dando lições de costura e modelagem, mas garante que também aprende. 
– Esse contato com uma cultura completamente diferente, nós aprendemos muitas coisas. A valorizar o que temos, porque deixar a família e tudo o que tem sem falar a língua eu admiro muito a coragem delas – destaca. 
Para ajudar 
Quem tiver interesse em ajudar ou doar sobras de tecidos pode enviar e-mail para tresdeyo@gmail.com ou acessar a página do projeto.
Nerlande confecciona uma bolsaFoto: Marco Favero / Agencia RBS
Por
Diario Catarinense


www.miguelimigrante.blogspot.com

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