quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Pleno emprego atrai mais estrangeiros

O número de carteiras de trabalho emitidas até agosto para estrangeiros em Maringá já é superior ao total dos 12 meses de 2013. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 402 documentos foram emitidos nos primeiros oito meses de 2014, ante 333 em todo o ano passado.

De acordo com o gerente regional do Trabalho e Emprego em Maringá, Paulo Pedrozo, o principal fator para a alta foi a abertura do País para haitianos – nacionalidade que lidera o ranking de pedidos. A imigração do Haiti se intensificou em 2010, quando um terremoto matou 300 mil pessoas e destruiu grande parte do país. Desde então, a emissão de carteiras para estrangeiros na cidade subiu 428%.

"Maringá é uma cidade que tem fama de gerar muito emprego. Por isso tem atraído esse público. A demanda está muito grande. Em geral, temos cada vez mais dificuldade em atender os estrangeiros, porque não temos profissionais suficientes", ressaltou Pedrozo.

A cientista social e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Marivânia Conceição de Araújo avalia como positivo o recebimento de estrangeiros no mercado de trabalho. "Em um primeiro momento, as pessoas podem ficar espantadas ou ameaçadas, por este contexto gerar uma disputa maior por vagas. Mas a tendência é que esse movimento gere crescimento para a cidade e ajude a fazer com que os maringaenses abram suas relações para o novo", avalia.
Oportunidade
Na Romagnole, fabricante de produtos elétricos com sede em Mandaguari (30 km de Maringá), a contratação de haitianos começou no ano passado. Segundo a gerente executiva de Gestão de Pessoas, Cristiane Zagui, atualmente 60 estrangeiros trabalham na fábrica.

"Estávamos passando por uma situação de alta demanda por mão de obra, e eles, em busca de oportunidades. São todos muito trabalhadores, empenhados, e têm vontade de ficar", avalia a gerente.

Gregory Jean, 25 anos, foi contratado em 2013. A qualidade de vida e a remuneração o motivaram a incentivar a vinda da esposa e de quatro primos. "Gosto muito do trabalho, é tudo muito seguro. Aqui tudo é melhor. O salário é melhor, a vida é melhor", diz Jean.
Intercâmbio
Há um ano, o atendimento em um restaurante de comida oriental de Maringá ganhou tempero lusitano. Foi quando a portuguesa Carolina Candeias Costa Silva, 27, teve a carteira de trabalho brasileira assinada pela primeira vez. Hoje ela é caixa no estabelecimento.

"Como já tinha experiência em atendimento, tive facilidade de aprender e ajustar meus conhecimentos – e a velocidade da minha fala – a uma cultura diferente", relatou a portuguesa, formada em Arqueologia.

A admissão de Carolina segue dinâmica diferente das contratações em massa feitas por grandes indústrias. Além da mão de obra, o principal aspecto considerado pelo sócio-proprietário do restaurante, Leonardo Almeida Gohara, foi a possibilidade de a presença da estrangeira promover o intercâmbio cultural entre a equipe e o público.

"Foi uma soma de fatores, como a responsabilidade, a atenção com os clientes, a facilidade de aprender as tarefas e a experiência de vida dela. Ter uma colaboradora estrangeira também é algo que desperta atenção dos clientes".


ODIARIO.COM

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